Marcha lenta com cerca de 30 carros reivindica hospital nas Caldas da Rainha

20 de Julho 2023

Cerca de 30 carros circulam hoje em marcha lenta entre as Caldas da Rainha e Óbidos, num protesto promovido por um grupo de cidadãos que reivindica a construção do novo hospital do Oeste na confluência destes dois concelhos.

Organizada pelo movimento “Falo pela tua Saúde”, a caravana vai circular entre as Caldas da Rainha e Óbidos durante toda a manhã para despertar a população da região para “o estado da Saúde no Oeste” e contestar a decisão anunciada pelo ministro da Saúde, Manuel Pizarro, de localizar o novo hospital do Oeste (NHO) no Bombarral, explicou à agência Lusa o porta-voz, Jorge Reis.

“Depois de todas estas notícias que deixam completamente desagradada toda a população do Oeste Norte, está na altura de, principalmente o concelho das Caldas, se unir em torno de uma causa”, disse o representante, sustentando que a melhoria dos cuidados de saúde “não pode ser dissociada da construção do novo hospital”.

O movimento recusa aceitar que o concelho das Caldas da Rainha perca o hospital, uma das três unidades que integram o Centro Hospitalar do Oeste (CHO), a par dos hospitais de Peniche e Torres Vedras, os quais serão substituídas pelo NHO.

O movimento contesta ainda a “degradação da assistência à população” no atual hospital, onde “o que era anormal passou a ser a normalidade”, explicou Jorge Reis, exemplificando com o facto de “muitas vezes não haver urgência de Ortopedia – era anormal, passou a ser normal -, não haver Medicina Interna na urgência, que era anormal e passou a ser normal.

Por isso, os cidadãos reivindicam não apenas a construção do novo hospital neste concelho, mas também que, “até lá, a unidade das Caldas da Rainha seja requalificada”.

Alguns populares da freguesia da Benedita, no concelho de Alcobaça, servidos pelo hospital das Caldas da Rainha, juntaram-se hoje à marcha lenta, segundo o participante José Belo, para mostrar “o primeiro grito de revolta” contra “tanta incompetência a dirigir o país”.

Para o manifestante, “é gritante o que se está a passar” com a remodelação hospitalar, que poderá significar que os utentes da Benedita passem a ser servidos pelo hospital de Leiria.

“Se nos quiserem mandar para Leiria, estamos a falar de uma distância superior a 50 quilómetros, quando tínhamos o hospital das Caldas a cerca de 20 quilómetros”, lamentou, defendendo que “poderiam melhorar as condições” desta unidade, mas, ao invés, “querem pôr um novo hospital mais próximo do de Vila Franca Xira”.

O presidente da Câmara das Caldas da Rainha, Vitor Marques, não participou na marcha, mas manifestou esta manhã, no início da concentração, apoio à “mobilização feita por pessoas que não se reveem” na decisão de construir o hospital no Bombarral e “querem mostrar a sua insatisfação”.

O autarca sublinhou que a luta pela construção do hospital na confluência dos concelhos das Caldas da Rainha e de Óbidos “é algo que move a todos”, destacando a necessidade de que “todos possam estar juntos”, quer nas iniciativas promovidas por grupos de cidadãos, quer em protestos organizados pelo município.

A marcha lenta vai percorrer várias ruas da cidade das Caldas da Rainha, dirigindo-se depois para o vizinho concelho de Óbidos, e regressando à cidade, para terminar com uma passagem em frente ao hospital.

O protesto decorre simbolicamente enquanto na Assembleia da República se debate o estado da nação.

Em novembro, a Comunidade Intermunicipal do Oeste entregou um estudo encomendado à Universidade Nova de Lisboa para ajudar o Governo a decidir a localização do novo hospital, documento que apontava o Bombarral, concelho vizinho de Óbidos, como a localização ideal.

Posteriormente, em março, as câmaras das Caldas da Rainha e de Óbidos entregaram ao ministro um parecer técnico a contestar os critérios utilizados no estudo, a defender que fossem tidos em conta outros critérios e que a localização do novo hospital deveria ser na confluência daqueles dois concelhos.

Em junho, o ministro anunciou que o novo hospital será construído na Quinta do Falcão, no Bombarral, substituindo os três hospitais do CHO.

Estas unidades têm uma área de influência constituída por estes concelhos e pelos de Óbidos, Bombarral (ambos no distrito de Leiria), Cadaval e Lourinhã (no distrito de Lisboa) e de parte dos concelhos de Alcobaça (Leiria) e de Mafra (Lisboa), abrangendo 298.390 habitantes.

LUSA/HN

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