“Embora esteja numa escala muito distinta do que existiu no passado, há três ou quatro décadas, preocupa-nos o que na altura era uma verdadeira pandemia, consumia a juventude do país, e o que estamos a verificar, neste momento, é o regresso da toxicodependência à zona do Casal Ventoso, e isso é uma realidade já, infelizmente, visível a olho nu”, expôs a vereadora do PS Cátia Rosas.
Na reunião pública da câmara, que decorreu na quarta-feira, a socialista defendeu que é importante “agir rapidamente para não permitir este regresso ao passado, que ainda alguns recordam e que ninguém deseja”, questionando a liderança PSD/CDS-PP sobre o investimento numa segunda sala de consumo assistida na cidade.
“Intervir de forma decidida é também aqui ao nível local, para travar este aumento de toxicodependência”, reforçou a vereadora do PS, lembrando que Lisboa foi a primeira cidade a ter uma unidade móvel de consumo assistido e, depois, uma sala para o mesmo efeito no Casal Ventoso, para “tratar os consumidores como doentes e não como criminosos”
No entanto, esta política foi travada a meio, indicou Cátia Rosas, referindo que se previa a existência de duas salas de consumo assistido em zonas distintas da cidade, mas a segunda não chegou a avançar, o que “deixa a cidade coxa em termos de respostas articuladas e integradas”.
Além disso, a existência de “um número muito sobredimensionado de consumidores” para uma área específica dentro da cidade, que é o Casal Ventoso, “gera um círculo vicioso, dificulta a tratamento, concentra as dependências numa única zona da cidade e facilita o tráfico ilegal”, apontou a vereadora do PS.
“Ao contrário do que vaticinavam os opositores desta política, que falavam no turismo internacional de droga, a realidade foi bastante diferente e muito positiva. O que nós tivemos, na realidade, foi um retrocesso, uma redução substancial do número de overdoses”, realçou.
Para a socialista, é importante que a câmara possa “cumprir, integralmente, a sua parte nesta política responsável, eficaz, de tratamento e recuperação dessas pessoas numa situação de fragilidade extrema”, podendo voltar ao plano de construção de uma segunda sala de consumo assistido.
Em resposta, a vereadora dos Direitos Humanos e Sociais, Sofia Athayde (CDS-PP), partilhou a preocupação com o aumento do consumo de drogas, inclusive o dado de que o consumo de substâncias psicoativas ilícitas subiu 60% desde 2001 a 2022, e comprometeu-se a trabalhar em conjunto para assegurar uma resposta urgente: “Tudo faremos e tudo faremos juntos”.
“É mesmo muito, muito, evidente que não basta uma estratégia de redução de danos, é necessária uma estratégia de prevenção de consumos e uma estratégia de recuperação da toxicodependência”, considerou a centrista, referindo que o Governo tem uma responsabilidade determinante, assim como o SICAD – Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências e o novo instituto para os comportamentos aditivos e dependências.
“Consumir e sair da sala não resolve. Esconde, não resolve. Tem de ser mais, tem de ser feita muita prevenção, tem de ser feito muito tratamento, portanto nós estamos com o nosso compromisso e vamos estar atentos, mas, acima de tudo, eu vou levar à frente e avante este novo olhar, que fica claro que a prevenção tem de ter e tem de ser uma estratégia definida e posta já no terreno com a maior brevidade possível”, declarou Sofia Athayde.
LUSA/HN
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