Esta tarde, em declarações à imprensa, o SIM fez “um fortíssimo apelo para que haja uma negociação séria (…) para evitar mais greves”. “Os médicos não querem fazer greves, porque reconhecem os problemas dos seus doentes, sabemos da sua fragilidade e, portanto, tudo iremos fazer para as evitar. Está nas mãos do Governo, naturalmente”, disse Jorge Roque da Cunha.
Receber a proposta do Governo na madrugada do terceiro dia de greve “já é um sinal de sucesso”. Foi uma greve de norte a sul, com adesão de cerca de 90% nos cuidados hospitalares e 93% nos cuidados de saúde primários. Cerca de 192 mil consultas nos cuidados de saúde primários não foram efetuadas, bem como 132 mil nos hospitais e centenas de cirurgias. Quando à greve às horas extraordinárias, o SIM estima que cerca de 25 mil não terão ocorrido. “Foi um sinal muito evidente e muito claro do descontentamento dos médicos em relação à atitude que o Governo tem tido”, comentou o secretário-geral do SIM.
Relativamente ao aumento salarial de 1,6%, proposto pelo Governo, o dirigente do SIM disse que “há aqui uma atitude perfeitamente estranha, já que os médicos em 40 horas têm uma perda de cerca de 20% de salário nos últimos 10 anos e, nos últimos 20, os nossos colegas das 35 e das 42 horas têm, já que os salários não são aumentados desde 2009, uma perda de cerca de 30%”, justificando a sua crítica também com o aumento dos impostos, o PRR e a “vontade política assumida por parte do Governo de um grande amor ao Serviço Nacional de Saúde” que esbarra com “a realidade”: mais de um milhão sem médico de família, muitos a necessitar de seguros para ter acesso aos cuidados de saúde, listas de espera para cirurgias e consultas “como nunca ocorreram”. “Nunca como no ano passado as pessoas despenderam tanto dinheiro do seu bolso”, frisou Jorge Roque da Cunha.
Para o médico, “esta proposta salarial não faz qualquer sentido” e na dedicação plena as condições são “penosas”: 300 horas extraordinárias de trabalho.
Contudo, o SIM mostrou-se totalmente disponível para negociar e espera poder desconvocar as próximas greves. Para já, tudo se mantém.
HN/RA
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