O presidente do conselho diretivo da Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Médica (ANTEM), Paulo Paço, adiantou à agência Lusa que a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) de Setúbal respondeu hoje a uma emergência nesta cidade, acabando por transportar o doente para a urgência do Hospital São Bernardo.
“Aquela viatura é única e exclusivamente para fazer deslocar a equipa de suporte avançado de vida, que neste caso é composto por médico e enfermeiro e mais ninguém. Até mesmo por uma questão legal (…) daquilo que nos foi dado a conhecer, nem sequer em termos de seguro (…) cobriria este ocupante”, explicou Paulo Paço.
Pelas informações recolhidas pela ANTEM, foi acionada para o local da emergência uma ambulância de Castanheira do Ribatejo, Vila Franca de Xira, distrito de Lisboa, o que “é preocupante desde logo” devido aos “cerca de 50 minutos em marcha de urgência” entre as localidades.
Paulo Paço frisou que esta situação levanta questões: “Não existiam ambulâncias disponíveis em Setúbal? E, para além disto, se este transporte [pela VMER] é legal?”.
O responsável da ANTEM sublinhou também que este tipo de situações acontece diariamente em Setúbal e por toda a margem sul do Tejo, acrescentando que “em tempo útil” a associação alertou que, com a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Lisboa, as fragilidades “iriam-se agravar”.
“O que é um facto é que, logo no primeiro dia da JMJ, acontece esta situação que é completamente condenável”, destacou.
Também em comunicado a ANTEM tinha destacado que quer o presidente da comissão que elaborou o plano de saúde para a JMJ, quer o presidente do INEM, anunciaram 150 e 98 meios de reforço para a JMJ, respetivamente, e tranquilizaram o ministro da Saúde com este anúncio.
Mas Paulo Paço vincou que “há alguns elementos que supostamente deveriam estar ao serviço nas ambulâncias dos postos de emergência médica que não estão, para fazer face à JMJ”.
“Foram deslocados para os postos médicos avançados e outras situações com as quais o INEM se comprometeu. É óbvio que se se retira pessoas de um lado, para colocar no outro, vai acabar por faltar, porque não houve um acréscimo, o que houve foi uma realocação de pessoas e meios”, sublinhou.
O presidente do conselho diretivo da ANTEM lembrou ainda que “o grosso dos peregrinos” fica em zonas como a margem sul ou Loures, num “aglomerado maior de pessoas onde tem havido um maior número de falhas por falta de resposta e por falta de meios”.
A JMJ é um encontro de jovens de todo o mundo com o Papa Francisco e decorre de hoje até dia 06 de agosto em Lisboa, onde são esperadas mais de um milhão de pessoas.
A agência Lusa procurou obter uma reação por parte do INEM, mas não foi possível de imediato.
LUSA/HN
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