“A informação que temos é que a norma da DGS sairá em breve e que já está a ser elaborada há algum tempo. Sabemos também que alguns agrupamentos de centros de saúde já estão a reunir-se com as respetivas ARS [Administração Regional de Saúde] para começarem a preparar esta campanha vacinal, mas ainda não há muitas informações concretas, nomeadamente, como é que vai ser este processo a nível de convocatória”, disse à agência Lusa o presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF).
Nuno Jacinto adiantou que é preciso saber se são os cuidados de saúde primários a convocar os utentes, se é regime de “casa aberta”, em que cada utente se dirige às unidades em horário definido, ou se vai ser determinado a nível nacional ou regional.
“Também ainda não sabemos bem como é que vai ser feita a articulação com as farmácias e que utentes vão ser vacinados em cada lado e, portanto, aguardamos estas informações para conseguirmos dar uma resposta aos nossos utentes e também para conseguirmos organizar o nosso trabalho”, salientou.
O médico relatou que, com a aproximação do arranque da campanha de vacinação sazonal, prevista para 29 de setembro, e com a vacinação em simultâneo das duas vacinas, os utentes têm levantado algumas questões: “Eles perguntam-nos como é que vai ser e nós temos que dizer que têm de esperar, o que não é uma resposta fantástica, sobretudo quando queremos aumentar a adesão à vacina” e “evitar a hesitação vacinal por parte dos utentes”.
Pela primeira vez, as farmácias comunitárias vão poder vacinar os maiores de 60 anos contra a covid-19, estando já a fazer o agendamento, disse à Lusa a presidente da Associação Nacional de Farmácias, Ema Paulino.
Nuno Jacinto disse que é preciso perceber se os utentes que vão ser vacinados contra a covid-19 e a gripe nas farmácias vão ser retirados da lista de convocação de utentes dos centros de saúde ou se existe “o risco de andar a duplicar algum trabalho” no sentido de estar a chamar utentes que já foram vacinados na farmácia.
Falta também perceber como é que se articula este registo com as farmácias para não se correr o risco de ter que corrigir erros de plataformas e perder possibilidades de vacinação, alertou.
“Infelizmente, nós já estamos habituados a ter de fazer estas coisas com prazos muito apertados. Gostaríamos este ano de ter um bocadinho mais de margem para preparar melhor o trabalho, até porque tem implicações, sobretudo, nas equipas de enfermagem”, porque obriga a ajustar escalas, a realocar profissionais e a reajustar a atividade programada.
Comentando um estudo do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge que concluiu que os maiores de 65 anos que optaram por não se vacinar contra a gripe na época 2020/2021 invocaram como motivos a desconfiança sobre a vacina e a pouca suscetibilidade à doença, Nuno Jacinto realçou o papel dos profissionais de saúde, dos meios de comunicação social e da DGS para passar a mensagem da importância da vacinação.
“Tivemos uma comunicação muito forte sobre vacinas durante a pandemia e talvez isso tenha causado alguma saturação”, mas a verdade é que estas mensagens sobre a promoção da vacinação “desapareceram do horário nobre e das primeiras páginas dos jornais” e era importante voltar a falar porque “a covid continua a existir, a gripe continua a existir”.
“Não estamos obviamente em pandemia, mas é importante reforçar a necessidade de vacinação, o peso que ela tem, a capacidade que tem de prevenir mortalidade e doença grave, sobretudo nos grupos mais vulneráveis”, rematou.
LUSA/HN
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