Sem ainda ter dados concretos, a dirigente Carla Silva adiantou que o número na região Centro deverá ser maior do que na região Norte, que “tem mais médicos”, onde já se registaram mais de 100 escusas.
“Os médicos estão muito exaustos e as horas extraordinárias são muito penosas. Por exemplo, em Coimbra, alguns profissionais mais velhos já se reformaram e os mais novos estão a ser sobrecarregados com horas infindáveis”, denunciou.
Carla Silva, que integra também a comissão executiva da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), salientou que, “poucas são as vezes”, em que as equipas de urgência nas várias unidades do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) estão completas, “o que é muito dramático”.
“Os médicos têm medo de trabalhar com um nível de segurança muito baixo para o doente e, atendendo às condições da região Centro, que pioram muito o serviço de urgência, estão reunidas as condições para uma grande adesão”, referiu.
No início de setembro, um grupo de profissionais reuniu mais de mil assinaturas de médicos a avisar o ministro da Saúde da indisponibilidade de fazerem mais horas extra a partir de 12 de setembro.
Na “Carta Aberta ao ministério da Saúde”, a que a Lusa teve acesso, o movimento de médicos informa que os profissionais “têm cumpridas as 150 horas de trabalho suplementar obrigatórias à data de 11 de setembro”, pelo que, “na ausência de entendimento” entre o ministério e os sindicatos, a 12 de setembro de 2023 vão fazer “valer a declaração de indisponibilidade para a prestação de trabalho suplementar acima das 150 horas anuais”.
“Entendemos a complexidade e importância do Serviço Nacional de Saúde e reconhecemos os esforços para manter o seu funcionamento adequado. No entanto, as condições de trabalho atuais têm impactado negativamente a saúde mental, física e a qualidade de vida de todos os profissionais de saúde. Estamos unidos na busca da melhoria de condições na nossa profissão, que resultarão em benefícios não só para o Serviço Nacional de Saúde, como para toda a nossa população”, referem os médicos na missiva enviada ao ministério a 01 de setembro.
O número de profissionais a recusar mais horas extra pode, por isso, ser superior ao apontado pela Fnam, mas Joana Bordalo e Sá explica que estes são os dados da estrutura sindical, referentes aos hospitais do Norte por onde passou a caravana que nas próximas semanas se desloca para o Centro e o Sul do país.
As duas principais organizações sindicais que representam os médicos indicaram na quinta-feira que as medidas anunciadas pelo Governo não resolvem os principais problemas e poderão mesmo afastar mais profissionais do Serviço Nacional de Saúde.
O Governo aprovou na quinta-feira o diploma do novo modelo das Unidades de Saúde Familiar (USF) e criou as condições para alargar aos hospitais o mesmo modelo, assente na dedicação plena dos profissionais, com equipas multiprofissionais auto-organizadas.
LUSA/HN
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