ENSP define sete recomendações para maximizar a vacinação contra a gripe

19 de Setembro 2023

A Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) definiu sete recomendações para se maximizar a adesão à vacinação contra a gripe, dias antes de se dar início à Campanha de Vacinação Sazonal de Outono-Inverno 2023/2024.

A primeira recomendação da Escola Nacional de Saúde Pública dirige-se aos profissionais de saúde: “Comunicação eficaz e assertiva para todos os profissionais de saúde, através de comunicações para as unidades de saúde, Ordens Profissionais, e publicação nos sites dos organismos do Ministério da Saúde”; “Alertas individuais a cada profissional de saúde, pelas respetivas Ordens Profissionais, além dos alertas (internos) das Unidades de Saúde”; “Possibilidade de a vacinação ocorrer sempre, e em todos os locais, durante 5 dias/semana, em dias de trabalho completo”; “Formação/informação dirigida aos profissionais de Saúde Ocupacional dos estabelecimentos de saúde sobre a melhor evidência das estratégias para atrair os profissionais de saúde a aderir à vacinação.”

A segunda sugestão, estabelecer métricas de vacinação e de prescrição de vacinas contra a gripe por unidades de saúde de cuidados primários, liga-se ao objetivo da DGS e da OMS de pelo menos 75% de cada uma das coortes (grupos) populacionais prioritárias, e envolve facilitar a vacinação destas coortes (grupos) da população nas farmácias comunitárias e em unidades privadas de saúde.

Os restantes pontos são: programar os softwares clínicos para que alertem os médicos prescritores da população a vacinar, de acordo com os grupos da população definidos pela DGS; comunicação por SMS com os cidadãos pertencentes às coortes definidas que se devem vacinar; possibilitar a marcação online da data, hora e local de vacinação, com confirmação por SMS; possibilidade de envio da prescrição da vacina contra a gripe, por SMS, para os utentes com menos de 60 anos; comunicação à população em geral da importância da vacinação contra a gripe, através de fortes campanhas em diversos meios de comunicação social e redes sociais.

A Escola Nacional de Saúde Pública reuniu um conjunto de especialistas em saúde pública, epidemiologia, economia da saúde, ciências comportamentais e clínica para uma sessão que foi palco de debate da vacinação contra a gripe.

O evento foi liderado por Gonçalo Figueiredo Augusto, que, com o Professor Julian Perelman, ambos da Escola Nacional de Saúde Pública, moderou a reunião que contou com a participação de Ricardo Mexia, médico de Saúde Pública, Diana Costa, da Direção Geral da Saúde, Francisco George, da Sociedade Portuguesa de Saúde Pública, Sofia Duque, da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, Francisco Ramos, da Escola Nacional de Saúde Pública, Nuno Jacinto, da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, Ana Rita Goes, da Escola Nacional de Saúde Pública, Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, e Jorge Barroso Dias, da Sociedade Portuguesa de Medicina do Trabalho.

O grupo analisou os últimos dados publicados, referiu estudos nacionais e internacionais que demostraram que a vacinação contra a gripe é uma intervenção economicamente eficiente, pois reduz o risco de infeção, de complicações e hospitalizações derivadas da gripe, logo diminui a probabilidade de morte. É por isso fulcral adotar medidas que maximizem a vacinação contra a gripe na população em geral. Esta é atualmente a opção mais custo-efetiva que existe.

A adesão à vacinação irá ditar o sucesso na prevenção da carga da doença uma vez que não existe outra opção como medida preventiva. O vírus da gripe foi descoberto há cerca de 90 anos e a vacinação existe há menos de 80. Este vírus dá a volta ao mundo cada seis meses, mutando-se (isto é, modificando-se), daí haver necessidade de vacinação anual da população em cada hemisfério.

A pandemia de Covid-19 alterou o curso habitual da gripe, mas, infelizmente, estamos a regressar aos níveis comportamentais pré-pandémicos em termos de percentagens de vacinação, nomeadamente nas populações ativas e nos profissionais de saúde. Apesar de Portugal ser um caso de sucesso com a vacinação da população com mais de 65 anos, cuja taxa de vacinação é de mais de 75%, noutros grupos etários a vacinação ficou aquém do pretendido.

A falta de literacia em saúde foi apontada como uma das maiores causas para os mitos criados em torno da vacina. Há resistência à vacinação por falta de confiança. No geral, as pessoas pensam na carga negativa associada à vacina e não tanto nos benefícios da toma da mesma. Assim, é importante trabalhar mais, e de forma continuada, na informação dirigida aos receios individuais.

Nos picos da gripe, os cuidados primários e os serviços de urgência ficam sobrelotados, transformando-se em verdadeiros ‘tubos de ensaio’ para propagação rápida do vírus. Assim, foi bastante realçada a importância da vacinação dos profissionais de saúde como um dos meios muito importantes para minimizar os contágios populacionais, e até evitar a sobrecarga de trabalho dos seus colegas.

Foi igualmente referido o impacto da gripe na produtividade, sendo que, na verdade, a produtividade nacional vai além do absentismo – o presentismo também deve ser evitado, pois quem está doente e não fica em casa contaminará os que o rodeiam; além de que uma população mais saudável significa mais produtividade, logo, mais riqueza para o país. Estamos a vacinar pessoas com mais de 60 anos, mas é necessário olhar por exemplo para as pessoas de 50 anos que têm filhos e são cuidadores informais, e que como tal também devem ser vacinadas.

As recomendações deste evento focam medidas de implementação relativamente simples, com o objetivo de maximizar a adesão à vacinação contra a gripe, assegurando mais proteção à população, prevenindo infeções, complicações, hospitalizações e até mortes na população portuguesa, o que indiretamente se espelhará em mais produtividade, logo, mais riqueza para o país.

PR/HN

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