O livro alerta para a necessidade urgente por parte dos governos e das autoridades de saúde de abordar as taxas baixas e decrescentes de participação em rastreios do cancro do colo do útero em países de elevado rendimento com programas de rastreio estabelecidos. O Grupo de Consenso apela de forma decisiva para que os responsáveis políticos se concentrem em iniciativas direcionadas para grupos de mulheres que não fazem rastreio, que têm origens desfavorecidas e que enfrentam desigualdades que as impedem de participar nas consultas de rastreio.
As mulheres que não fazem rastreio regularmente têm maior risco de desenvolver cancro do colo do útero e uma maior probabilidade de a doença ser-lhes diagnosticada em estado avançado, bem como de obterem piores desfechos. Numa altura em que os países devem ter como objetivo erradicar o cancro do colo do útero, as vidas das mulheres estão a ser postas em risco devido às taxas baixas e decrescentes dos rastreios. Dar prioridade às mulheres que não fazem rastreio, e compreender melhor e abordar os motivos que as levam a não comparecer nas consultas de rastreio, salvará vidas e contribuirá para a eliminação atempada do cancro do colo do útero.
“Ao passo que a vacinação proporciona uma proteção abrangente à população, o rastreio é a forma de prevenção com maior impacto à nossa disposição para reduzir o fardo do cancro do colo do útero nos próximos anos. É alarmante testemunhar taxas de participação subótimas em muitos países de elevado rendimento e uma ampla desigualdade entre mulheres que não fazem rastreio. As nossas recomendações abordam estes desafios de frente e fornecem um roteiro para a melhoria da acessibilidade aos serviços de rastreio, o que apoiará o caminho para a eliminação”, defende Philippe Descamps, vice-presidente da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO) e copresidente do Grupo de Consenso Internacional para o Cancro do Colo do Útero ACCESS.
Desde 2020, e em resposta à Estratégia Mundial da OMS para Acelerar a Eliminação do Cancro do Colo do Útero, vários países comprometeram-se a eliminar o cancro do colo do útero com uma estratégia nacional. Porém, a muitos países de elevado rendimento falta-lhes ainda o estabelecimento explícito deste objetivo de eliminação. O Grupo de Consenso apela aos governos para que alterem esta situação e que definam, a nível local, planos de ação nacionais com objetivos ambiciosos de eliminação do cancro do colo do útero, indo mais além do definido pela OMS, tanto para aumentar as taxas de rastreio, como para reduzir as desigualdades na participação. No seu Livro Branco, o Grupo de Consenso propõe uma série de recomendações com base em evidências clínicas e fornece exemplos de boas práticas para aumentar a participação em rastreios do cancro do colo do útero de mulheres que não fazem rastreios e apoiar os objetivos de eliminação da doença.
“As necessidades das mulheres de comunidades em que a adesão ao rastreio do cancro do colo do útero é baixa devem ser a prioridade. Para garantir que reduzimos as desigualdades, precisamos de compreender melhor e desenvolver formas de intervenção para ultrapassar as barreiras que muitas mulheres enfrentam. Pretendemos ampliar o sucesso dos programas de rastreio do cancro do colo do útero, reforçando o trabalho conjunto entre mulheres e profissionais de saúde e adotando as novas tecnologias e inovações para evitar o aparecimento de mais casos de cancro do colo do útero. Empoderando as mulheres através do acesso à informação e apoiando-as, particularmente através de grupos de defesa de pacientes, acredito que temos uma excelente oportunidade para colmatar a falha no acesso a rastreios e salvar mais vidas”, diz Samantha Dixon, diretora executiva de “Jo’s Cervical Cancer Trust” e copresidente do Grupo de Consenso Internacional para o Cancro do Colo do Útero ACCESS.
O Grupo de Consenso propõe uma série de recomendações com base em evidências clínicas e fornece exemplos de boas práticas para melhorar os resultados aumentando a participação em rastreios de cancro do colo do útero de mulheres que não fazem rastreios.
Por ordem de prioridade são os seguintes: desenvolvimento de planos de eliminação do cancro do colo do útero a nível nacional até uma data definida, incluindo objetivos nacionais ambiciosos para a participação da população em programas de rastreio; implementação de iniciativas educativas que visam este objetivo e que sejam relevantes do ponto de vista cultural, de acesso à informação e de sensibilização, com foco particularmente nas mulheres que não fazem rastreios; melhoria do acesso a rastreios do cancro do colo do útero; apoio aos profissionais de saúde no sentido aumentar a participação em rastreios do cancro do colo do útero; incentivo e apoio à criação de grupos de defesa de pacientes com cancro do colo do útero e de coligações nacionais para a prevenção do cancro do colo do útero; garantir a cobertura adequada das despesas com rastreios por parte dos seguros de saúde em todos os países de elevado rendimento
Uma vez que alguns países consideram a auto-recolha de amostras do HPV uma opção de rastreio para o combate aos desafios à participação em rastreios, como parte das recomendações feitas para melhorar a acessibilidade aos rastreios do cancro do colo do útero o Grupo de Consenso debateu ainda o impacto da auto-recolha de amostras do HPV. O Grupo de Consenso aconselha que, atualmente, a auto-recolha de amostras seja feita apenas por pessoas que habitualmente não fazem rastreios, enquanto se combate os desafios à implementação e se fazem revisões da regulamentação.
Ao implementar estas recomendações, os governos, profissionais de saúde e as comunidades podem trabalhar em conjunto com vista à melhoria dos resultados, aumentando a participação nos rastreios do cancro do colo do útero por parte de mulheres que não fazem rastreios. Para um objetivo tão ambicioso, são necessárias ações imediatas. A colaboração internacional entre peritos deve ser intensificada, para que a tão necessária troca de conhecimentos seja mais frequente e haja ainda uma partilha de boas práticas. O Grupo de Consenso apela aos responsáveis políticos para que implementem as recomendações fornecidas no Livro Branco, assegurando um melhor acesso das mulheres a rastreios do cancro do colo do útero, que é uma ferramenta fundamental para a prevenção do cancro.
Para aceder ao Livro Branco na íntegra, visite o website www.accesscg.org.
PR/HN
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