Manuel Pizarro “muito disponível” para se aproximar das reivindicações dos médicos

11 de Outubro 2023

O Ministério da Saúde está "muito disponível" para se aproximar das reivindicações dos médicos e espera "a mesma disponibilidade" dos sindicatos para a reunião negocial prevista para quinta-feira à tarde, disse o ministro Manuel Pizarro.

“Estaremos muito disponíveis para nos aproximarmos das preocupações dos profissionais, esperando que haja do outro lado a mesma disponibilidade para compreender que as decisões que venham a ser tomadas têm de ser boas para os portugueses, boas para o Serviço Nacional de Saúde e também positivas para os profissionais”, disse o governante aos jornalistas à margem do 2.º Congresso Nacional de Distribuição Farmacêutica, em Oeiras.

O Ministério da Saúde convocou o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (Fnam) para retomar as negociações na quinta-feira, numa altura que o Serviço Nacional de Saúde enfrenta uma crise nos serviços de urgência devido à recusa de mais de 2.000 médicos em fazerem horas extraordinárias, além das 150 obrigatórias.

O último encontro entre o Ministério da Saúde e os sindicatos aconteceu no passado dia 12 de setembro, numa reunião negocial extraordinária que terminou sem acordo, depois de 16 meses de negociação.

Entre os motivos de contestação dos médicos está a proposta governamental de aumento médio, transversal a todos os médicos, de 3,6%, que os sindicatos consideram não compensar a perda de poder de compra.

Questionado sobre esta crítica, o ministro disse que essa descrição “é uma caricatura da proposta que o Governo fez”.

“A proposta é muito mais valiosa para os médicos”, afirmou Pizarro, acrescentando que, “ainda assim”, o Ministério prestará “boa atenção às reivindicações dos profissionais e tentará fazer uma proposta “que no seu conjunto seja melhor e mais bem compreendida”.

E reiterou que “para haver um entendimento tem de haver um esforço de ambas as partes”.

Sobre o facto de as urgências hospitalares dependerem das horas extraordinárias realizadas pelos médicos, o ministro admitiu que “do ponto de vista estrutural não faz sentido”, mas reiterou que é o que tem acontecido nos 44 anos de funcionamento do SNS: “As urgências sempre estiveram baseadas em larga medida no trabalho extraordinário dos médicos”.

“Reconheço que esse trabalho é muito penoso e que temos de evoluir”, acrescentou ainda Manuel Pizarro, defendendo que é necessário “um conjunto de medidas articuladas para o funcionamento das urgências, a mais importante das quais vai ser a criação de equipas dedicadas de profissionais ao serviço de urgência”.

Essas equipas “passarão a ter a sua atividade concentrada no serviço de urgência e naturalmente terão de ter uma remuneração correspondente a um trabalho que é mais exigente ainda do que o trabalho médico normal”.

Nas últimas semanas, vários hospitais do país estão a enfrentar dificuldades em garantir escalas completas das equipas, sobretudo para os serviços de urgência, devido à recusa dos médicos a fazer mais do que as 150 horas extraordinárias anuais previstas na lei.

Num levantamento feito na semana passada sobre a entrega de minutas de recusa de horas extraordinárias, a Federação Nacional dos Médicos salientou que a situação está a provocar encerramentos e constrangimentos nos serviços de urgências, mas também nas escalas de outros serviços hospitalares.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

IGAS processa Eurico Castro Alves

A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) anunciou hoje ter instaurado em novembro de 2024 um processo ao diretor do departamento de cirurgia do Hospital Santo António, no Porto.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights