INSA diz que vacina contra a Covid-19 conferiu proteção de 40% na hospitalização e de 50% nos óbitos

18 de Outubro 2023

A proteção da vacina da Covid-19 contra a hospitalização centrou-se nos 40% e no caso dos óbitos em 50%, segundo estimativas divulgadas pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).

As estimativas fazem parte de um estudo que visou avaliar a efetividade da vacina Covid-19 em Portugal e perceber se havia redução da proteção da vacina ao longo do tempo e cujas conclusões foram apresentadas na terça-feira pela investigadora Ausenda Machado, do Departamento de Epidemiologia do INSA na 9.ª Reunião sobre “Vigilância epidemiológica da gripe e de outros vírus respiratórios em Portugal”.

O estudo decorreu entre setembro de 2022 e maio de 2023 e a população em estudo foi a população com 65 e mais anos com o esquema primário de vacinação contra a Covid-19 completa.

Analisando a efetividade da vacinação em evitar o internamento e a morte na população entre os 65 e os 79 anos, “a estimativa pontual rondou os 40 e os 58% contra hospitalização e um pouco mais elevado na ordem dos 65% contra o óbito”, disse Ausenda Machado.

Na avaliação que se faz da efetividade da vacina ao longo do tempo pós vacinação, verificou-se uma redução da proteção das vacinas disponíveis na altura (bivalentes do tipo mRNA).

“Há um atingir de um valor máximo naquele período quase imediato à toma da vacina (…) e depois vemos um decaimento paulatino ao longo do tempo”, adiantou a investigadora.

A investigadora refere que este estudo aponta para “uma moderada efetividade na proteção relativamente à covid grave ou muito grave” e uma redução da proteção conferida pela vacina ao longo do tempo, em particular a partir dos três meses após a vacinação.

Na reunião, foram também divulgados dados sobre a vacinação contra a gripe que ocorreu em simultâneo com a vacina contra a covid-19.

Segundo o estudo, a efetividade da vacina para “um qualquer tipo de vírus” rondou os 58% e no caso do vírus que esteve em maior circulação na época passada, o H3N2, foi de 41%.

Comparativamente a épocas similares, em que esteve também a circular o vírus H3N2 são valores de efetividade um pouco mais elevados, adiantou a investigadora, apontando como hipóteses o facto de a estirpe que esteve em circulação ser muito concordante com a estirpe que estava incluída na composição da vacina.

Por outro lado, observou, a vacinação e a circulação do vírus foi “muito precoce e as pessoas estariam muito provavelmente naquele ponto máximo ou ótimo de proteção, quando a circulação do vírus se deu”.

O período de estudo foi similar ao da Covid-19, decorrendo entre outubro de 2022 e abril de 2023, sendo o foco da análise a população adulta residente em Portugal e que recorreu a uma unidade de cuidados de saúde primários.

Foram incluídos no estudo 848 doentes com infeção respiratória aguda, sendo que foram excluídos um conjunto de indivíduos, porque não cumpriam os critérios de elegibilidade, tendo acabado por totalizar 218 pessoas que foram alocadas nos 374 controlos.

Analisando o que aconteceu na época passada no que diz respeito às vacinas da Covid-19 e da gripe, Ausenda Machado afirmou que, “quer numa situação quer na outra” as estimativas que conseguiram apurar “são muito semelhantes e estão em concordância com o que foi reportado também por outros estudos internacionais e em similar período de tempo”.

Os estudos decorreram no âmbito do projeto VEBIS, que tem como principal objetivo a avaliação da efetividade e impacto das vacinas contra gripe e Covid-19 em diversos contextos.

O INSA integra este consórcio internacional juntamente com instituições de França, Irlanda e Espanha.

LUSA/HN

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