No âmbito da entrega de prémios Boas Práticas em Saúde, Lúcio Menezes de Almeida afirmou ver com preocupação o aviso de Fernando Araújo sobre a possibilidade de novembro poder ser “dramático” e o pior dos 44 anos no SNS.
“Eu vejo com preocupação esse tipo de declarações, é evidente. Enquanto médico e enquanto cidadão fico preocupado por não haver um acordo”, disse.
Menezes de Almeida considerou que a culpa não é dos sindicatos, é, sim “de quem tem a faca e o queijo na mão que é o Governo (…)”.
“Objetivamente houve um processo negocial que o Governo deixou arrastar tempo demais e agora chegámos a esta situação. A responsabilidade não pode ser imputada aos sindicatos, deve ser imputada a quem tem o dever de encontrar uma solução a bem dos portugueses e tem maioria absoluta e que, portanto, deve tentar por todos os meios evitar uma situação que pode ser muito preocupante para os portugueses”, apontou.
Questionado sobre a indisponibilidade demonstrada por parte dos médicos de fazer mais horas extraordinárias, para além daquelas que são obrigatórias, o especialista diz que “tem um forte impacto no sistema de saúde português e no SNS, em concreto”.
“O SNS assentou demasiado nas horas extraordinárias. Aquilo que nós devemos apostar não é em horas extraordinárias. Nós devemos reforçar a estrutura do SNS, fazer com que os jovens médicos sintam o SNS atrativo e em vez de irem para o privado mal acabem a especialidade digam vale a pena estar no SNS”, disse.
O médico defende que o Governo deve reforçar as carreiras médicas e rever a grelha salarial médica “de maneira que os colegas mais novos considerem atrativo o SNS, do ponto de vista pessoal e do ponto de vista profissional, e que os mais velhos não o abandonem. Portanto, a faca e o queijo estão claramente da parte do Governo e do Ministério da Saúde.”
“Tentar imputar responsabilidade aos médicos não é justo porque a classe médica foi a classe que mais poder de compra perdeu nos últimos anos”, reforçou.
Lúcio Menezes de Almeida refere que para haver um acordo é preciso um aumento salarial “minimamente expressivo”.
HN/Vaishaly Camões
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