“Neste momento, nós mantemos a nossa postura. Lamentamos que a reunião de hoje tenha sido cancelada, porque seria a 33.ª, e, portanto, acho que já é altura de conseguirmos chegar a um acordo. De qualquer forma, independentemente do pedido de demissão do primeiro-ministro, continuamos a ter um governo em funções, continuamos a ter um ministro da Saúde em funções, também, e, portanto, a nossa posição mantém-se. Entretanto, aguardemos para saber qual é a situação política do país e o calendário, e de acordo com isso tomaremos as decisões que nos parecerem mais adequadas. Ainda assim, esta nossa luta manter-se-á”, afirmou Susana Costa, porta voz do movimento.
O movimento continuará até que haja alguma ação por parte do Ministério, “seja este, seja outro”, “no sentido de resgatar o Serviço Nacional de Saúde e permitir melhorar as condições, salários e carreiras dos seus profissionais, nomeadamente os médicos”. “Ainda que em algum momento haja, ou por acordo, ou por decisão, a suspensão da forma de luta, provisoriamente, este movimento é inorgânico, sem propriamente liderança, e, portanto, obedece à decisão individual de cada colega”, explicou a médica.
“Mantemos a nossa posição, mantemos a nossa luta. Está tudo exatamente igual àquilo que estava há uns dias atrás. É este o ponto da situação”, concluiu.
Susana Costa disse-nos que a responsabilidade da dificuldade de acesso dos doentes ao Serviço Nacional de Saúde e aos cuidados de saúde, “e consequências que daí possam advir, não só da falta de acesso, como do acesso sem qualidade, isto é, a demora da resposta do tratamento dos doentes”, é de Manuel Pizarro e do Ministério da Saúde. “Porque em 33 reuniões conseguiríamos certamente encontrar uma resposta aos problemas e começar a olhar para o Serviço Nacional de Saúde como ele precisa que se olhe. Aquilo que aconteceu foi um mutismo completo por parte dos decisores políticos, foi uma falta de seriedade enorme, foi a publicação de diplomas muito graves que vão afetar a qualidade e a forma de trabalho dos médicos nos serviços e diminuir a acessibilidade dos utentes ao Serviço Nacional de Saúde, e ao Serviço Nacional de Saúde com qualidade”, alertou.
“Continuamos a ter métricas quantitativas que não servem aos doentes, porque os doentes não querem ter muitas consultas, os doentes querem ter consultas e tratamentos que efetivamente sejam de sucesso. (…) Não há entendimento nem há vontade desse entendimento. Isso é claro para nós”, prosseguiu.
Susana Costa fala em falta de seriedade na mesa das negociações, criticando a aprovação de um diploma que considera “completamente destrutivo do Serviço Nacional de Saúde e do bem-estar dos médicos, porque vão piorar em muito a sua situação se se mantiver o diploma que foi aprovado esta semana”.
“Há muitos médicos que estão extraordinariamente desanimados, (…) sem vontade de continuar a carregar o Serviço Nacional de Saúde às costas.” O Serviço Nacional de Saúde “está altamente deficitário e tem sido suportado pelo esforço enorme dos profissionais, que não estão mais na disposição de o fazer”.
“Os doentes devem estar assustados, sem dúvida nenhuma. Têm todos os motivos para estarem muito assustados. Por todas as razões. A única pessoa que continua confortavelmente com um sorriso no rosto apesar desta situação gravíssima é o Dr. Manuel Pizarro, porque todos os outros, médicos e quem percebe o que está prestes a acontecer, estão seriamente preocupados”, disse a médica.
HN/RA
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