Artes melhoram competências dos médicos e estudantes de Medicina

11 de Novembro 2023

Os resultados mostram que estas abordagens conseguem, de facto, aumentar a capacidade de observação e até a empatia e a gestão da ambiguidade. “Este estudo fornece evidências para uma maior inclusão destas estratégias no ensino médico. Existe impacto decorrente mesmo de uma rápida exposição a exercícios desta técnica (20 minutos)”, afirmam os autores.

A integração da arte no ensino da Medicina provou ser “um veículo crucial para o desenvolvimento de competências clínicas, encorajando uma análise visual mais profunda que pode ser vital na observação dos doentes”.

A conclusão é de um estudo assinado por investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP).

Publicado na revista científica BMC Medical Education, este trabalho analisou o impacto da utilização de uma metodologia pedagógica baseada na Arte em estudantes de pré-graduação e internos de Medicina.

Esta metodologia é já aplicada na FMUP, na Unidade de Formação Contínua “Observar: da Arte à Clínica”, distinguida com o Prémio UC INOVPED de Inovação Pedagógica da Universidade do Porto.

Neste estudo, o objetivo era analisar, de forma sistemática, a evidência atual sobre a efetividade desses programas no ensino da Medicina. Espera-se que este tipo de técnicas aumente as competências observacionais ou visuais dos médicos na sua prática clínica, potenciando um novo olhar clínico, com benefícios, desde logo, ao nível do trabalho em equipa e do cuidado prestado aos doentes.

As estratégias de treino de observação (em inglês, visual thinking strategies) incluíam a análise de obras de arte, tendo como facilitadores responsáveis de museus ou médicos. A maior parte dos facilitadores tinha formação nessa área.

Os resultados mostram que estas abordagens conseguem, de facto, aumentar a capacidade de observação e até a empatia e a gestão da ambiguidade. “Este estudo fornece evidências para uma maior inclusão destas estratégias no ensino médico. Existe impacto decorrente mesmo de uma rápida exposição a exercícios desta técnica (20 minutos)”, afirmam os autores.

Desenvolvida inicialmente para educação em museus, as visual thinking strategies estão já a ser usadas em diversos cenários, nomeadamente em escolas de Medicina e na formação contínua de médicos, como é o caso da FMUP e dos seus estudantes pré e pós-graduados.

O estudo é assinado por Ana Rita Cerqueira, estudante do Mestrado Integrado em Medicina da FMUP, por Matilde Monteiro e por Sofia Baptista, professoras da FMUP, e ainda por Ana Sofia Alves, do Agrupamento de Centros de Saúde Porto Ocidental, Domingos Loureiro, da FBAUP, e Dabney Hailey, da Harvard Medical School, nos EUA.

FMUP/HN

 

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