Câmara do Porto vai criar comissão para sinalizar idosos em isolamento

16 de Novembro 2023

A criação de uma comissão municipal para sinalizar situações de isolamento ou exclusão de idosos é uma das medidas do Plano de Ação para as Pessoas Idosas do Porto, que até 2025 pretende responder ao envelhecimento rápido da população.

“O envelhecimento constitui um dos maiores desafios atuais na Europa, no mundo, mas também em Portugal. O Porto não é exceção”, salientou o vereador com o pelouro da Coesão Social da Câmara do Porto, Fernando Paulo.

No Porto, 26% da população residente tem idade igual ou superior a 65 anos e cerca de 33 mil idosos vivem sós, de acordo com o diagnóstico feito pelo município.

Para dar resposta a esta população, a autarquia desenvolveu o Plano de Ação para as Pessoas Idosas, instrumento que até 2025 pretende responder ao rápido envelhecimento dos munícipes.

“Não é um plano de intenções, este não é um documento teórico ou filosófico, é um plano de ação concreto com medidas e ações direcionadas de forma transversal para a população sénior”, salientou Fernando Paulo.

Assente em cinco áreas de intervenção, o plano, coordenado pelo vereador e pelo professor António Fonseca, da Universidade Católica Portuguesa, abrange mais de 80 projetos e envolveu, durante a sua elaboração, mais de 70 entidades.

“É necessário mobilizar, consciencializar e criar políticas públicas para atuar sobre o envelhecimento porque não podemos deixar de considerar que um quarto da população residente no Porto está envelhecida”, acrescentou.

Entre as várias ações que contemplam o plano, o município pretende criar, no próximo ano, uma comissão municipal de apoio ao idoso, que servirá “de radar” na sinalização de pessoas em risco de isolamento ou exclusão e que terá como propósito “por fim a ciclos de invisibilidade”.

As ações e projetos estendem-se, no entanto, a outras áreas, como a saúde, o espaço público, a habitação e a mobilidade, que “têm de ser pensadas para que a cidade não seja geradora de fatores de exclusão”.

“Para tirarmos as pessoas de casa é preciso adequar a rede de transportes para o efeito, é necessário criar espaços de participação e cidadania aos mais diversos níveis, é preciso cuidar da saúde e ativar um conjunto de respostas sociais inovadoras”, considerou Fernando Paulo.

Disponibilizar o primeiro “Espaço Sénior” na cidade, dinamizar respostas habitacionais entre gerações, garantir um espaço condigno de habitação partilhada, requalificar o espaço público dos bairros municipais, requalificar arruamentos degradados e aumentar os pontos de descanso com a instalação de bancos nos percurso pedonais são algumas das ações que contemplam o plano.

Outras ações passam por proporcionar melhor acessibilidade entre as cotas alta e baixa da cidade, dotar a passagem inferior de acesso ao Terminal Intermodal de Campanhã (TIC) de tapetes rolantes e desenvolver uma solução de mobilidade para assegurar a ligação entre zonas deficitárias de transporte público para pontos com oferta.

“É muito importante haver uma consciencialização pública relativamente ao envelhecimento. É preciso quebrar barreiras e estereótipos, e poder atuar sobre as vulnerabilidades”, referiu o vereador, destacando, no entanto, que este tem de ser “um trabalho de todos” e não apenas do município.

“O município é coordenador, mobilizador, tem de dar o exemplo através das unidades orgânicas, tem de criar politicas, mas é também essencial que as várias entidades estejam presentes”, considerou, defendendo que o maior desafio passar por garantir uma política de envelhecimento que proporcione “independência, participação, segurança, autorrealização e dignidade”.

O Plano de Ação para as Pessoas Idosas vai ser apresentado hoje nas II Jornadas Porto Cidade Amiga das Pessoas Idosas, que decorrem na Alfândega do Porto.

O município do Porto integra desde 2010 a Rede Mundial de Cidades Amigas das Pessoas Idosas, que abrange 1145 cidades de 50 países.

LUSA/HN

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