Hospital de Cascais: Chefes de equipa de Medicina Interna demitem-se

2 de Janeiro 2024

Os chefes de equipa de Medicina Interna e o diretor de Urgência do Hospital de Cascais apresentaram esta segunda-feira a demissão.

“Houve uma demissão de todos os chefes de equipa de Medicina Interna, do diretor de Urgência e de um chefe de Balcão”, adiantou Joana Bordalo e Sá à Lusa.

O testemunho da dirigente sindical surge depois de a CNN Portugal ter noticiado que os chefes de equipa de Medicina Interna e os Assistentes Hospitalares que desempenham funções de chefes de Balcão do Hospital de Cascais tinham apresentado a demissão em bloco numa carta enviada ao conselho de administração.

“O que eles [clínicos] estão ali a passar é uma situação muito difícil, muito dramática. O Hospital de Cascais (…) tem médicos que durante três anos só trabalham nas urgências. Fazem muitas noites – sempre 12 horas – torna o trabalho muito pesado e isto não garante a tratabilidade”, indicou.

“É um problema que não tem a ver com as escusas das 150 horas [extra]. É um problema crónico. Tendo em conta a grande afluência que há, os colegas estão absolutamente exaustos, não aguentam”, acrescentou.

De acordo com a carta, à qual CNN Portugal teve acesso, os clínicos demissionários afirmam que “está em causa a qualidade da atividade assistencial prestada e a segurança dos doentes” daquela unidade hospitalar, que é gerida através do modelo de Parceria Público-Privada (PPP).

Os signatários sublinham que o “rácio médico-doente” no Serviço de Observação é superior aos limites previstos nos regulamentos, destacando que têm assistido “de forma progressiva” à “degradação das condições de segurança dos doentes admitidos no Serviço de Urgência Geral”.

Num comunicado enviado às redações, a administração do Hospital de Cascais reconheceu haver “algum descontentamento dos seus profissionais de saúde”, sustentando que a “afluência aos serviços de urgência tem contribuído para uma sobrecarga”.

A unidade hospitalar justifica ainda que foi a única da “região de Lisboa a nunca ter fechado, o que acarreta as suas consequentes implicações”.

Todavia, o hospital “reitera o seu total compromisso com os cuidados de saúde prestados à população que serve mantendo as urgências abertas (adultos, ginecologia-obstetrícia e pediatrica)”.

“Cumpre-nos informar que a administração do Hospital de Cascais, em conjunto com as autoridades competentes, mantem o firme compromisso de encontrar as soluções que minimizem os impactos decorrentes das pressões que o Sistema Nacional de Saúde, no seu conjunto, enfrenta”, frisou.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Álvaro Santos Almeida: “Desafios globais da saúde na próxima década”

Álvaro Santos Almeida, Diretor Executivo do Serviço Nacional de Saúde, destacou hoje, no Cascais International Health Forum 2025 os principais desafios globais da saúde para a próxima década, com ênfase no envelhecimento populacional, escassez de profissionais e a necessidade de maior eficiência no setor.

Ewout Van Ginneken: Resiliência, Equidade e Inovação como Pilares da Saúde Global

Ewout Van Ginneken, Diretor do Observatório Europeu dos Sistemas e Políticas de Saúde, destacou, no Cascais International Health Forum 2025, que decorreu hoje no Estoril, a necessidade de transformação nos sistemas de saúde, com foco em modelos de cuidados integrados, prevenção, equidade e inovação tecnológica, para enfrentar os desafios globais do século XXI.

HPV Responsável por 84% dos Cancros do Ânus, Alerta LPCC

A Liga Portuguesa Contra o Cancro alerta para o aumento do cancro anal, destacando que 84% dos casos estão ligados ao HPV. A vacinação e o diagnóstico precoce são essenciais, especialmente em grupos de risco, como homens que têm sexo com homens.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights