A greve dos médicos em formação para obter a respetiva especialidade, cerca de 70 mil em Inglaterra, teve início às 07:00 (mesma hora em Lisboa) e terminará à mesma hora de 09 de janeiro.
Estes médicos, que já tinham parado durante 28 dias ao longo de 2023, votaram a favor de nova paralisação laboral depois de as negociações entre o sindicato British Medical Association (BMA) e o Governo britânico terem fracassado em dezembro.
O sindicato rejeitou uma proposta de aumento salarial de 8,8% no verão passado, reivindicando um incremento de 35% para compensar a perda de poder de compra desde 2008.
A greve afetará principalmente as consultas programadas, muitas das quais foram canceladas para concentrar os médicos disponíveis no atendimento de urgências e emergências.
A paralisação acontece naquela que os responsáveis do Serviço Nacional de Saúde britânico (NHS) consideram uma das semanas mais movimentadas do ano, depois do período festivo.
“Esta ação não só terá um enorme impacto nos cuidados planeados, como vem juntar-se a uma série de pressões sazonais, como a covid, a gripe e a ausência por doença de pessoal, que afetam a forma como os doentes são tratados nos hospitais”, lamentou Stephen Powis, diretor médico do NHS England, num comunicado.
A ministra da Saúde, Victoria Atkins, urgiu hoje aos médicos internos, que em alguns casos recebem 14 libras (16 euros) por hora, para “voltarem à mesa das negociações para que possamos encontrar uma solução justa e razoável para acabar com as greves de uma vez por todas”.
Mas o sindicato BMA considera que “o Governo não se mostrou capaz de apresentar uma proposta credível em matéria de salários”, com uma proposta que, na sua opinião, não travaria a diminuição do poder de compra.
“Passámos o período festivo na esperança de receber a ‘oferta final’ que a ministra da Saúde nos prometeu no ano passado. Infelizmente, isso não aconteceu”, lamentaram Robert Laurenson e Vivek Trivedi, representantes do Comité de Jovens Médicos do BMA, na quarta-feira.
Um médico interno ganha cerca de 32 mil libras (37 mil euros) no seu primeiro ano de prática, segundo o governo, mas o BMA considera que os seus salários baixaram quase 25% desde 2008, tendo em conta a inflação.
Os médicos internos do País de Gales também estão a planear uma greve de 72 horas a partir de 15 de janeiro, enquanto os da Irlanda do Norte também estão a considerar a possibilidade de greve. Na Escócia, os profissionais chegaram a um acordo com o governo autónomo escocês em 2023.
Os médicos especialistas em Inglaterra obtiveram recentemente um aumento que varia entre 6% e 19,6%.
O Reino Unido registou um grande número de greves desde meados de 2022, em consequência da crise do aumento do custo de vida, tendo a maioria cessado após acordos, nomeadamente nos transportes e na educação.
A inflação, que se manteve durante vários meses acima dos 10%, desacelerou recentemente e situou-se em 3,9% em termos anuais em novembro.
LUSA/HN
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