IPG lidera projeto de reposicionamento de medicamentos para o cancro

4 de Janeiro 2024

O Instituto Politécnico da Guarda (IPG) vai coordenar um projeto europeu de reposicionamento de medicamentos para o tratamento do cancro, no valor de 1,8 milhões de euros, revelou esta quinta-feira aquela instituição portuguesa.

O projeto RePo-SUDOE – “Drug Repurposing para o Desenvolvimento Efetivo e Acelerado de Medicamentos no Espaço SUDOE” tem como objetivo desenvolver e divulgar tecnologias para o reposicionamento de fármacos, identificando medicamentos já existentes no mercado que possam ser usados para tratamento do cancro sem ter de se esperar por longos processos de aprovação de novos fármacos.

É um projeto multidisciplinar que envolve entidades do sistema científico e tecnológico, empresas, organizações da sociedade civil e organismos públicos, de Portugal, Espanha e França.

Será coordenado pelo Centro de Potencial e Inovação de Recursos Naturais do IPG.

Participam a Universidade da Corunha, a Universidade de Santiago de Compostela, o Centre National de la Recherche Scientifique (Bordéus), a MD.USE Innovations S.L. (Corunha), a Sociedade Portuguesa da Saúde Pública e o Cluster Saúde de Galicia.

E são parceiros associados o Centro Académico Clínico das Beiras, a Subdireccion General de Farmacia do Servizo Galego de Saúde (Xunta de Galicia) e o Cancéropôle Grand Sud-Ouest (Toulouse).

O docente na Escola Superior de Saúde e investigador coordenador no Centro de Potencial e Inovação de Recursos Naturais do IPG, Hugo Filipe, explicou que, “atualmente, o desenvolvimento de novos medicamentos tem elevadas taxas de insucesso, custos e morosidade, o que justifica a emergência do ‘drug repurposing’, uma vez que este permite novas indicações terapêuticas para medicamentos já disponíveis no mercado”.

Segundo Hugo Filipe, este projeto irá impulsionar a atividade da indústria biofarmacêutica nas regiões onde as instituições de ensino superior estão sediadas, nomeadamente na Guarda, fixando nelas novos recursos humanos muito qualificados.

A metodologia deste projeto tem como ponto de partida a identificação do tipo específico de cancro que se pretende combater, procurando depois fármacos já aprovados que possam ser eficazes.

“Durante este processo analisam-se as estruturas moleculares, tanto dos alvos terapêuticos (proteínas das células cancerígenas), como dos fármacos que estão a ser estudados, para entender como estas interagem umas com as outras”, explicou o docente.

Um dos instrumentos para o estudo dessas interações será um protótipo interativo que vai ser instalado no Politécnico da Guarda, que funcionará como um espaço de ensaio para as interações entre os medicamentos analisados e células em crescimento desregulado que constituem a maioria dos cancros.

A Escola Superior de Saúde, na Guarda, passará a dispor de uma sala de visualização tridimensional (3D) que permitirá a investigadores e estudantes observarem em direto a forma como reagem os alvos terapêuticos ao contacto com as moléculas dos medicamentos que estão a ser testados.

Para o presidente do IPG, Joaquim Brigas, o projeto RePo-SUDOE “vai impulsionar o conhecimento científico e difundir a tecnologia para o ‘drug repurposing’ junto de agentes públicos e privados em Portugal, Espanha e França”, colocando o IPG e os seus parceiros a trabalhar na primeira linha da I&D farmacêutica europeia.

LUSA/HN

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