Santa Maria reduz cirurgias não urgentes para poder internar doentes

12 de Janeiro 2024

O Hospital Santa Maria, em Lisboa, reduziu o número de cirurgias não urgentes para responder ao “fluxo muito grande” de doentes nas urgências com necessidades de internamento, disse hoje à Lusa o diretor clínico.

“Temos um número finito de camas, à volta de 1.000, e foi necessário aumentar a capacidade de internamento para estas pessoas” com gripe A, infeções respiratórias, maioritariamente com “muita idade e com muitos problemas de saúde”, adiantou Rui Tato Marinho.

Perante esta necessidade de camas para internamento, e até internamentos prolongados, “só houve uma hipótese” que era reduzir a atividade cirúrgica” não urgente.

Para isso foi ativado o plano de contingência do Hospital Santa Maria, que integra, juntamente com o Hospital Pulido Valente, o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN).

O diretor clínico do CHULN ressalvou que estão asseguradas as cirurgias dos doentes com cancro, das vítimas de acidentes de viação que chegam ao serviço de urgência com traumatismos, fraturas, entre outras situações, e disse esperar que dentro de duas semanas a atividade possa “voltar à normalidade”.

No âmbito deste plano, noticiado pela RTP, Rui Tato Marinho adiantou que foi criada uma enfermaria situada no serviço do Urologia para receber os doentes urgentes com infeções respiratórias, que têm um risco superior de morrer do que os doentes cujas intervenções cirúrgicas vão ser adiadas.

Segundo o diretor clínico, o hospital chegou a ter em “várias manhãs” cerca de 70 doentes, ou mais, para internar, e com taxas de ocupação de internamento perto de 95%.

“Hoje de manhã tínhamos muito menos, talvez à volta de 20 camas, e estamos a conseguir gerir as necessidades com estas camas suplementares das cirurgias programadas”, salientou.

De acordo com o médico, a enfermaria criada no serviço de Urologia tem 28 camas, às quais se juntam mais 10, 20 camas da cirurgia, correspondendo no total a quase duas enfermarias normais de Medicina.

Questionado sobre o que tem contribuído para a redução dos tempos de espera nas urgências nos últimos dias, Rui Tato Marinho disse que o hospital melhorou a sua capacidade e o número de pessoas que recorre ao hospital tem sido inferior, mas, comentou: “Não sei como é que vai ser amanhã e depois de amanhã”.

Recordou também os apelos lançados por vários médicos na comunicação social para as pessoas não irem à urgência “ao mínimo episódio de febre ou tosse” e para contactarem a Linha SNS 24, que se tem reforçado.

Para o especialista, o reforço dessa linha e a existência de vários centros de saúde com horário alargado têm ajudado a controlar a situação no Hospital Santa Maria.

Relativamente à cirurgia, Rui Tato Marinho disse que, em 2023, o CHULN realizou mais de 30.000 cirurgias, tendo aumentado a capacidade relativamente ao ano anterior.

“Esperamos, mal acabe este plano de contingência, começar a recuperar e a operar cada vez mais”, concluiu.

LUSA/HN

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