Partido Trabalhista quer acabar com desperdício no sistema de saúde britânico

23 de Janeiro 2024

O Partido Trabalhista declarou esta terça-feira uma “guerra ao desperdício” no sistema nacional de saúde britânico (NHS), prometendo reformas como mais tecnologia e menos burocracia, afirmou a deputada Karin Smyth num discurso em Londres. 

“Todos os doentes vêem que há desperdício no sistema”, admitiu a secretária de Estado da Saúde “sombra” durante uma intervenção na conferência anual do centro de estudos Institute for Government.

Smyth considera estarem ser desperdiçados milhares de milhões de libras no sistema, referindo os 3,5 mil milhões de libras (quatro mil milhões de euros) pagos a empresas de recrutamento e mais de 1,7 mil milhões de libras (dois mil milhões de euros) de despesa adicional resultantes do atraso nas altas hospitalares.

O custo estimado de dois mil milhões de libras (2,3 mil milhões de euros) resultante das greves dos médicos internos nos últimos meses foi “quase de certeza mais do que teria custado resolver a greve” logo no início, criticou a propósito da recusa do Governo em aceitar as reivindicações salariais.

O Partido Trabalhista, atualmente na oposição, lidera as sondagens das intenções de voto com cerca de 20 pontos percentuais à frente do Partido Conservador, no poder desde 2010.

No entanto, o líder trabalhista, Keir Starmer, tem sido cauteloso nos compromissos em termos de despesa, apontando para a precariedade das finanças públicas.

De acordo com uma análise do Institute for Gouvernment, a pandemia deixou uma marca nos serviços públicos britânicos, como a saúde ou a justiça, os quais já estavam em decadência nos anos 2010 devido à política de austeridade.

“Nenhum serviço está agora a ter um desempenho melhor do que na véspera da pandemia. Tudo isto é o resultado de decisões tomadas ao longo de muitas décadas e governos, nomeadamente no que respeita à mão de obra e ao capital”, afirmou o investigador Stuart Hoddinott na conferência a decorrer hoje em Londres.

Mais recentemente, as greves agravaram os problemas do sistema de saúde, que regista um número recorde de pessoas nas listas de espera.

“O congelamento dos salários do setor público e os aumentos salariais abaixo da inflação na década de 2010 alimentaram a insatisfação com os salários, que foi acompanhada por um choque muito devastador da inflação nos últimos dois anos, e também a insatisfação com a deterioração das condições de trabalho em muitos serviços públicos”, analisou.

O tesoureiro-Mor britânico, John Glen, responsável pela reforma da função pública, afirmou que esta precisa de “acompanhar o ritmo da inovação no sector privado”, nomeadamente através do uso de mais tecnologia, incluindo Inteligência Artificial.

O antigo secretário de Estado das Finanças disse que “as finanças públicas são apertadas e é preciso fazer mais para aproveitar o potencial da tecnologia e das formas inovadoras de trabalhar”.

LUSA/HN

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