Descoberta nova técnica que potencia destruição de células cancerígenas

7 de Fevereiro 2024

Uma nova técnica que aumenta cem vezes a potência das células T para destruir células cancerígenas, recorrendo à 'força' e 'truques' do próprio cancro, foi descoberta por investigadores das universidades norte-americanas UC San Francisco (UCSF) e Northwestern Medicine.

A descoberta, publicada hoje pela Revista Nature, não foi ainda testada em humanos, mas os investigadores já começaram a trabalhar para testar em pessoas esta nova abordagem baseada nas células T, que integram o sistema imunológico e são responsáveis pela defesa do organismo contra agentes desconhecidos.

Ao estudarem mutações em células T malignas que causam linfoma, os cientistas concentraram-se num tipo que conferia potência excecional às células T modificadas, concluindo que a inserção de um gene que codifica esta mutação única em células T humanas normais tornou-as pelo menos 100 vezes mais potentes na destruição de células cancerígenas e sem sinais de se tornarem tóxicas.

Embora as imunoterapias atuais funcionem apenas contra cancros do sangue e da medula óssea, as células T de que o estudo dá conta “foram capazes de matar” tumores derivados da pele, pulmão e estômago em ratos.

“Usamos o roteiro da natureza para criar melhores terapias com células T”, explicou à publicação científica Jaehyuk Choi, professor associado de dermatologia e de bioquímica e genética molecular na Escola de Medicina Feinberg da Universidade Northwestern.

O especialista precisou que este “superpoder” que torna as células cancerosas tão fortes pode ser transferido para terapias com células T “para torná-las poderosas o suficiente para eliminar o que antes eram cancros incuráveis”.

Kole Roybal, professor associado de microbiologia e imunologia na UCSF, diretor do centro do Instituto Parker para o Cancro do Centro de Imunoterapia da UCSF e membro do Gladstone Institute of Genomic Immunology, reforçou que “as mutações subjacentes à resiliência e adaptabilidade das células cancerígenas podem sobrecarregar as células T para sobreviverem e prosperarem nas condições adversas que os tumores criam”.

Para que os tratamentos baseados em células funcionem sob estas condições, segundo Kole Roybal, é preciso “dar às células T saudáveis capacidades que estão além do que podem alcançar naturalmente”.

As equipas de cientistas envolvidas no estudo examinaram 71 mutações encontradas em pacientes com linfoma de células T, identificaram quais podiam melhorar as terapias de células T projetadas em modelos de tumores de pequenos roedores e, por fim, isolaram um que se revelou potente e não tóxico.

“Há muito a aprender com a natureza sobre como podemos melhorar estas células e adaptá-las a diferentes tipos de doenças”, disse Kole Roybal, considerando que este é ainda um ponto de partida.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

TOP Health Awards 2025: Conheça os Finalistas da 2ª Edição

Os TOP Health Awards 2025 anunciaram os 12 finalistas da sua 2ª edição, destacando projetos inovadores nas áreas de Literacia em Saúde, Integração de Cuidados, Tecnologia e Dados, e Diversidade, Equidade e Inclusão. A cerimónia de entrega de prémios ocorrerá a 27 de março na Associação Comercial de Lisboa, reunindo os principais stakeholders do setor da saúde em Portugal.

Jornadas abordam Sono da Mulher no Hospital CUF Tejo

Com o intuito de partilhar conhecimentos sobre distúrbios do sono entre os profissionais de saúde, a Unidade do Sono Hospital CUF Tejo e a Unidade do Sono do Hospital CUF Descobertas, em conjunto com a CUF Academic Center, preparam-se para realizar as “V Jornadas do Sono CUF”.  Nesta quinta edição das Jornadas, agendadas para os dias 4 e 5 de abril, no Hospital CUF Tejo, o foco da discussão será o sono da mulher.

Fundação Grünenthal abre candidaturas para bolsas e prémios na área da dor

A Fundação Grünenthal anunciou a abertura de candidaturas para três iniciativas que visam promover a investigação e a prática clínica na área da dor. Entre os apoios, destacam-se uma bolsa de 8.000€ para investigadores e dois prémios, também no valor de 8.000€ e 2.000€, para trabalhos clínicos e de gestão da dor em ortotraumatologia. As candidaturas decorrem até 30 de abril de 2025.

Cirurgia robótica da Vinci cresce 43% em Portugal em 2024

A cirurgia robótica da Vinci registou um crescimento de 43% em Portugal em 2024, com mais de 3 mil procedimentos realizados. Na Península Ibérica, a faturação superou os 150 milhões de euros, refletindo a expansão desta tecnologia no SNS e em hospitais privados.

HUG Café inaugura no iCBR-FMUC para promover inclusão de jovens autistas

O HUG Café, um projeto de inovação social da APPDA Coimbra em parceria com a Universidade de Coimbra, abriu portas no iCBR-FMUC. O espaço promove a inclusão profissional de jovens autistas, integrando três elementos no seu staff e oferecendo um ambiente acolhedor para a comunidade local.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights