Terceiro dia da greve dos médicos sul-coreanos afeta serviços de urgência

22 de Fevereiro 2024

A greve em que participam mais de oito mil médicos internos sul-coreanos em protesto contra o plano do Governo de aumentar vagas nas escolas médicas continua a afetar a prestação de serviços de emergência, como as cirurgias.

As urgências na região de Seul, onde reside mais de metade da população sul-coreana, e no resto da Coreia do Sul, estão a aceitar apenas casos muito graves ou a encaminhar diretamente os pacientes para outros centros.

Entretanto, as cirurgias continuam a ser canceladas ou adiadas (50% das agendadas para o dia em alguns hospitais) em todo o país devido à greve dos médicos, que já vai no terceiro dia.

No total, 9.275 médicos estagiários, quase 75% dos que trabalham na Coreia do Sul, apresentaram cartas de demissão e 8.024 deles abandonaram efetivamente os seus empregos, segundo dados hoje divulgados pelo Ministério da Saúde.

Na quarta-feira, o governo da Coreia do Sul anunciou que pretende emitir ordens de detenção e ainda deverá acusar aqueles que instigam à greve.

Em conferência de imprensa conjunta, os ministérios da Justiça e do Interior, a Procuradoria-Geral da República e a Agência Nacional de Polícia (NPA), advertiram que quem não cumprir as ordens emitidas pelo Governo para o regresso ao trabalho, em princípio, deverá receber uma acusação formal, mas haverá clemência para aqueles que abandonarem a greve.

Na terça-feira, o Governo ativou um plano de emergência para aumentar as consultas pela internet, alargou o horário de consultas nos hospitais públicos e abriu ao público em geral as urgências dos 12 hospitais militares do país.

Em causa está uma reforma anunciada pelo Presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, que visa aumentar o número de estudantes admitidos nas escolas médicas em 65%, ou mais 2.000 pessoas por ano, a partir de 2025.

O Governo coreano justifica esta medida como necessária para preparar o país para atender uma população cada vez mais idosa.

Cerca de 44% dos sul-coreanos terão mais de 65 anos em 2050, de acordo com projeções do governo.

O Governo calcula que faltarão 15 mil médicos para atender às necessidades do país até 2035 se nada for feito.

Mas os médicos opõem-se ao projeto por considerarem que a admissão de mais estudantes nas escolas médicas resultará numa queda no nível profissional dos futuros médicos e que a qualidade dos cuidados será prejudicada.

LUSA/HN

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