Em declarações à Lusa, Rui Tato Marinho explicou que o crescimento dos casos “não é exponencial” e que se trata de um surto sem grande expressão do ponto de vista epidemiológico.
“É um surto que não tem nada que ver com o surto de há uns anos atrás, em que houve entre 500 e 600 casos”, afirmou o responsável, acrescentando: “parece que a situação está controlada”.
A meio de março, a Direção-Geral da Saúde (DGS) reportou um surto de hepatite A, tendo identificado inicialmente 23 casos.
Entretanto houve um aumento dos casos e os dados mais recentes da DGS apontam para 43 casos confirmados de hepatite A.
A maioria dos casos são do sexo masculino (37 casos), com idade entre 20-49 anos, 37% em contexto de transmissão sexual (16 casos), e sem casos graves ou óbitos reportados.
Do total de casos confirmados, 26 (60%) são de infeção adquirida em Portugal, a maioria na região de Lisboa e Vale do Tejo (31 casos). Dezasseis casos são de estrangeiros residentes em Portugal.
O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) identificou, entre os confirmados, 12 casos da estirpe do vírus da Hepatite A anteriormente identificada no surto que ocorreu entre 2016 e 2018, afetando vários países europeus, incluindo Portugal.
A informação da DGS indica ainda que os Países Baixos e outros países europeus reportam casos de hepatite A desde o final de dezembro de 2023, com perfil semelhante, e que o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC, sigla em inglês) refere que a estirpe que circula atualmente é semelhante às que circularam na UE/EEE em 2016 e 2018, afetando principalmente homens que fazem sexo com homens (HSH).
“A probabilidade de ocorrência de novos casos na UE/EEE é avaliada como elevada na população HSH. A vacina contra a hepatite A é segura e altamente eficaz, e é a principal opção de prevenção e resposta no contexto atual”, acrescenta a autoridade de saúde.
Entre 2020 e 2023 foram contabilizados em Portugal 102 casos.
A DGS recomenda a notificação clínica imediata dos casos suspeitos no SINAVEmed (https://sinave.minsaude.pt/), a realização de um inquérito epidemiológico e a notificação de imediato pelos laboratórios de casos confirmados, solicitando o envio das amostras biológicas para o Laboratório Nacional de Referência de Infeções Gastrintestinais do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.
A DGS aconselha ainda o reforço das medidas de saúde pública, como a mensagem da higiene e segurança alimentar, incluindo a lavagem das mãos antes e depois das refeições e a higienização dos espaços de confeção de alimentos, e a lavagem frequente das mãos e higiene pessoal, especialmente da região genital e perianal, particularmente, antes e após o uso de instalações sanitárias e antes e após as relações sexuais.
Também é solicitado um fortalecimento da vacinação.
Segundo a DGS, os contactos de casos confirmados – coabitantes e contactos sexuais – devem ser vacinados até duas semanas após a última exposição.
Se forem ultrapassadas as duas semanas e a vacina não estiver indicada, a pessoa deve ser aconselhada a estar vigilante relativamente à sintomatologia e a reforçar medidas adequadas para impedir eventual transmissão, uma vez que esta pode ocorrer antes do aparecimento dos sintomas.
A vacina contra a hepatite A está disponível mediante prescrição médica, em farmácias comunitárias.
LUSA/HN
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