“Após avaliações exaustivas no Maláui e em Moçambique, uma equipa independente de avaliação da resposta ao surto de poliomielite recomendou hoje que se declare o fim do surto de poliovírus selvagem do tipo 1 (PVS1)” nos dois países, “um marco significativo na luta contra a poliomielite na região africana”, afirmou a OMS em comunicado.
O último caso de poliovírus selvagem de tipo 1 na região africana, ligado a uma estirpe que circula no Paquistão, foi registado na província de Tete, em Moçambique, em agosto de 2022.
Na altura foi detetado um total de nove casos em Moçambique e no vizinho Maláui, onde o surto foi declarado em fevereiro de 2022. Numa resposta coordenada a este surto, mais de 50 milhões de crianças foram vacinadas contra o vírus na África Austral, recordou a OMS no mesmo comunicado.
Segundo a OMS, a avaliação “meticulosa” realizada pela equipa independente de avaliação da resposta ao surto de poliomielite incluiu duas análises de campo aprofundadas e uma análise adicional dos dados. E depois disto concluiu que “não existem dados factuais relativos à transmissão em curso do poliovírus selvagem”.
Na avaliação considerou-se também a qualidade da resposta ao surto, “incluindo a imunidade geral da população, as campanhas adicionais de vacinação, a cobertura vacinal de rotina, os sistemas de vigilância, as práticas de gestão das vacinas e o nível de envolvimento da comunidade”, adiantou.
“Esta conquista é uma prova do que pode ser alcançado quando trabalhamos em conjunto com dedicação e determinação”, afirmou a diretora regional da OMS para África, a médica Matshidiso Moeti.
“É imperativo agora que continuemos a reforçar os nossos sistemas de vacinação, a melhorar a vigilância e a chegar a todas as crianças com vacinas que salvam vidas”, acrescentou.
As autoridades de saúde, com o apoio técnico da Iniciativa Mundial de Erradicação da Poliomielite, colocaram em prática estratégias nacionais de prevenção, no Maláui e em Moçambique, assim como em todos os distritos que fazem fronteira com os outros países envolvidos na resposta, que incluem a República Unida da Tanzânia, o Zimbabué e a Zâmbia.
Até à data, foram administradas mais de 100 milhões de doses de vacinas nas zonas de maior risco. A estratégia para se antecipar a este surto e detê-lo antes que ficasse fora de controlo baseou-se “no micro planeamento pormenorizado, incluindo o mapeamento das comunidades transfronteiriças, das rotas migratórias, dos pontos de entrada e saída transfronteiriços e das rotas de trânsito para cada um dos postos fronteiriços” refere a OMS.
A organização considerou que a sincronização e a coordenação dos planos de vacinação nos cinco países, bem como a monitorização das atividades de vacinação revelou-se “fundamental para identificar e alcançar todas as crianças elegíveis nas zonas transfronteiriças”, de modo a evitar o risco de paralisia devido ao vírus.
A poliomielite não tem cura e pode causar paralisia irreversível. No entanto, a doença pode ser evitada e erradicada através da administração de uma vacina segura, simples e eficaz.
A Iniciativa Mundial para a Erradicação da Poliomielite é liderada pelos governos nacionais, a OMS, o Rotary International, o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), a Unicef, a Fundação Bill e Melinda Gates e a Gavi, a Aliança para as Vacinas. Desde 1988, a incidência do poliovírus selvagem foi reduzida em mais de 99%, de mais de 350.000 casos anuais em mais de 125 países endémicos, para quatro casos em 2024 em dois países endémicos (Paquistão e Afeganistão). Em 2023, apenas 12 casos de PVS1 foram detetados a nível mundial.
LUSA/HN
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