Fernando Araújo afirmou que a reforma foi “muito planeada, muito ponderada, efetuada por pessoas com enorme experiência no SNS”, e que “só por isso pôde ser feita”: “nós já estamos à espera de reformas há muitos anos; eu trabalho no SNS há muitos anos e sempre se falou, mas nunca se conseguiu”, “porque são muito difíceis, são duras, são complexas”, acrescentou Fernando Araújo.
Quando era presidente do conselho de administração do São João, Fernando Araújo aguardava meses por uma autorização para contratar um médico. Neste momento, “as autorizações têm demorado menos que três dias úteis”.
A reforma em curso “tem conseguido alterar esta burocracia, estes patamares administrativos, estes tempos que eram incomportáveis na gestão do SNS. Isso faz toda a diferença. É verdade, se me perguntarem: não é no dia seguinte [que vemos os efeitos]. (…) Mas este é o caminho certo da reforma, que está alinhada com as melhores práticas internacionais”, segundo o médico, que destacou a redução “para menos de metade” do número de instituições, “dando-lhes mais autonomia”, e o novo modelo de financiamento – “disruptivo face ao anterior”.
“Por vezes, quando ouço que não houve envolvimento das pessoas, é um desrespeito pelas centenas de profissionais que em todo o país trabalharam na preparação dos planos de negócios das ULS. Os planos foram altamente fundamentados, trabalhados, e é por isso que neste momento a reforma está (…) a decorrer com resultados mais favoráveis que os previstos, por uma única razão, porque ela não foi feita por decreto-lei. A reforma foi feita de baixo para cima, foi feita com as pessoas que estão no terreno, e é por isso que cada ULS tem um plano de negócios distinto, porque é um plano de negócios adaptado à sua área geográfica, aos seus profissionais, aos seus doentes, às suas necessidades”, defendeu Araújo.
Além disso, a reforma que foi planeada “está a ser implementada no timing certo”, e isso “deve-se, acima de tudo, aos profissionais” e “às lideranças destas instituições, que têm dado um apoio muito forte” para que “possa ter sucesso”. Fernando Araújo salientou igualmente o acompanhamento pela Escola Nacional de Saúde Pública, “com profissionais competentes, fora do SNS (uma visão diferente)”, pela Entidade Reguladora da Saúde e por instituições europeias, “para que este processo possa trazer o melhor que há em termos de boas práticas e apoiar, eventualmente, instituições que possam ter mais dificuldades nesse sentido.”
HN/RA
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