O pedido de Rui Lázaro foi feito na comissão parlamentar de Saúde, onde foi ouvido a pedido do PSD, em que alertou para a escassez de técnicos de emergência hospitalar que se reflete em ambulâncias paradas e na diminuição da prestação de cuidados de emergência médica em todo o país.
Ressalvando não ter “prova nenhuma, nem nenhum dado” que leve a pensar que possa haver “um conluio para favorecer quem quer que seja”, Rui Lázaro disse que o que se passa é “no mínimo gestão danosa”.
“Só pode ser, porque é o dinheiro de todos nós que está a ser desperdiçado com este tipo de gestão que já criticámos na altura que mantínhamos conversações – e que deixámos ter porque ele não quer – com o presidente do INEM [Luís Meira], que nunca nos soube responder”, salientou
Portanto, vincou, “é mais um argumento para justificar que a Assembleia da República, de facto, investigue a gestão” do INEM.
Na audição, Rui Lázaro disse esperar que a primeira demissão do Governo nas instituições da saúde fosse a do presidente do INEM, mas disse esperar que chegue esse dia, “não pelas pessoas que lá estão, mas pelas respostas que precisam ser dadas e que não têm sido dadas”.
Alertou também para os problemas na central de emergência do INEM nos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) que leva a que haja chamadas em espera.
“Muitas vezes, mais de 50 chamadas em espera, que já passaram a central 112 e que o INEM não tem capacidade de resposta precisamente pela carência técnica”, avisou.
Citando informações que recebe, o dirigente sindical apontou que no CODU de Lisboa, o maior do país, há muitas vezes apenas quatro ou cinco técnicos a atender chamadas da linha 112, quando o esperado seria entre 25 a 30, uma situação que disse ter de se refletir no tempo e na capacidade de resposta nos CODU.
Contou que hoje de manhã existia um condicionamento eletrónico no CODU do Porto, que faz com que as chamadas 112 não entrem ou entrem de “forma intermitente”.
Relativamente ao número de técnicos de emergência médica, adiantou que o último relatório de atividades do INEM referia que, para os meios atualmente em funcionamento, era suposto haver 1.480 trabalhadores.
“O último número público conhecido, até divulgado pelo presidente do INEM, pouco excedia os 900”, mas segundo as informações que o sindicato tem, apesar de não haver números oficiais, serão cerca de 700 a prestar serviço nas ambulâncias de emergência médica, sendo que muitos destes estão afetos a outros serviços.
Segundo Rui Lázaro, há algumas ambulâncias que “já nem sequer abrem por falta de recursos”, nomeadamente no Centro e em Lisboa, havendo taxas inoperacionalidade acima dos 70% e 90%.
O presidente do sindicato alertou também que os últimos concursos para contratar mais técnicos ficaram vazios e para a elevada taxa de abandono dos profissionais (superior a 40%), que atribui “à má gestão do INEM” e à “fraca atividade da carreira”.
Rui Lázaro disse que o sindicato se reuniu na terça-feira com o coordenador da ‘task force’ que está a elaborar o plano de emergência para a saúde e que o alertou que “este Verão não há milagres”.
No seu entender, a resposta tem que passar pela valorização da carreira, defendendo ser necessário “iniciar imediatamente o processo negocial”.
“Tem de ser dado um sinal financeiro, ou através da revisão remuneratória ou de inclusão do subsídio de risco a estes profissionais, para que a taxa de abandono diminua drasticamente, mas também para que o concurso já anunciado pela senhora ministra dos 200 [técnicos] possa de facto ter candidatos”, argumentou.
NR/HN/Lusa
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