Quem são os 17 cabeças de lista às eleições europeias de 09 de junho?

25 de Maio 2024

No próximo dia 9 de junho, com exceção dos representantes do PTP e do MAS, todos os cabeças-de-lista às eleições europeias apresentam-se pela primeira vez.  Dos 17 cabeças-de-lista apresentados, apenas dois  têm formações e carreiras diretamente ligadas ao setor da saúde, é o caso de Marta Temido com formação e experiência diretamente ligada ao setor da saúde, foi Ministra da Saúde e é doutorada em Saúde Internacional pelo Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa, além de ter um mestrado em Gestão e Economia da Saúde pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e Manuel Carreira, psicoterapeuta e psicólogo forense e trabalha como psicólogo no Centro Hospitalar de Leiria. 

Conheça os 17 principais candidatos às eleições europeias:

Sebastião Bugalho (Aliança Democrática – AD)

Nascido a 15 de novembro de 1995, Sebastião Bugalho, 28 anos, foi a escolha de Luís Montenegro para encabeçar a lista da Aliança Democrática às eleições ao Parlamento Europeu. Visto pelo primeiro-ministro como disruptivo e um “jovem talentoso” que “o país conhece”, Bugalho era, até ao final de abril, colunista do semanário Expresso e comentador político da SIC.

A sua única experiência no mundo da política remonta a 2019, quando concorreu como independente nas listas de candidatos a deputados do CDS-PP, na direção de Assunção Cristas, acabando por não ser eleito.

Filho mais velho dos jornalistas João Alberto Santos Fernandes Bugalho e Patrícia Reis, Bugalho foi aluno do curso de Ciência Política, no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, tendo dados os primeiros passos no jornalismo nos jornais i e Sol e foi depois comentador na TVI24.

No livro “Na cabeça de Ventura”, da autoria do jornalista do semanário Expresso Vítor Matos, relata-se que foi Sebastião Bugalho o jornalista contactado pelo consultor de comunicação João Gomes de Almeida para uma entrevista ao líder do Chega que acabaria por fazer manchete e dar-lhe notoriedade, e em que era divulgado um estudo – cuja veracidade o livro coloca em causa – que ligava a comunidade cigana à sensação de insegurança em Loures.

Em 2020, Sebastião Bugalho foi alvo de um inquérito por suspeita de violência doméstica, que em 2022 acabou arquivado por falta de provas.

Marta Temido (Partido Socialista – PS)

Marta Temido, 50 anos, é deputada do PS na Assembleia da República depois de ter integrado três executivos de António Costa como ministra da Saúde. Apresentou a sua demissão do cargo a 30 de agosto de 2022 por entender que não estavam reunidas as condições para o exercício do mandato.

Encabeça a lista socialista ao Parlamento Europeu marcada pela total renovação, na qual não consta o nome de qualquer um dos atuais eurodeputados do PS.

Na altura da saída do Governo, António Costa agradeceu “todo o trabalho desenvolvido” por Marta Temido, “muito em especial no período excecional do combate à pandemia da covid-19”.

Marta Temido iniciou funções como ministra da Saúde em outubro de 2018, sucedendo a Adalberto Campos Fernandes. Durante os seus mandatos, Marta Temido esteve no centro da gestão da pandemia, que começou em 2020, mas também atravessou várias polémicas. Na altura, o encerramento dos serviços de urgência de obstetrícia em vários hospitais por falta de médicos para preencher as escalas pressionou a tutela.

É doutorada em Saúde Internacional pelo Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa, mestre em Gestão e Economia da Saúde, pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e licenciada em Direito, pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.

António Tânger Correia (Chega)

António Manuel Moreira Tânger Corrêa tem 71 anos, é vice-presidente do Chega desde 2020 e foi primeiro na lista proposta pelo partido para o Conselho de Estado em 2022.

Foi militante do CDS-PP e desempenhou o cargo de embaixador no Qatar, entre 2015 e 2018, na Lituânia entre 2005 e 2008, entre outros. Foi o terceiro diplomata português em Pequim após o reatar das relações diplomáticas entre a China e Portugal.

No dia 10 de maio, o cabeça de lista do Chega às europeias, em entrevista ao Observador, defendeu teses como a de que os judeus “podem ter sido” avisados para não irem trabalhar no dia 11 de setembro de 2001, aquando do atentado às torres gémeas em Nova Iorque e que houve uma dramatização da pandemia para efeitos de controlo da população global.

É o número um de uma lista que tem como segundo nome Tiago Moreira de Sá, investigador e antigo militante e deputado do PSD, chegando a assumir os cargos de presidente da Comissão de Relações Internacionais e coordenador da Secção de Negócios Estrangeiros do Conselho Estratégico Nacional do partido após a vitória de Rui Rio nas diretas de 2019.

João Cotrim Figueiredo (Iniciativa Liberal – IL)

João Fernando Cotrim de Figueiredo, 62 anos, é a escolha dos liberais para tentarem a estreia no Parlamento Europeu.

Foi o primeiro eleito da IL à Assembleia da República, em 2019, então como deputado único, tendo sido eleito por Lisboa e ainda como independente. Nas eleições legislativas antecipadas de 2022 o partido conseguiu passar de um para oito deputados, tornando-se na quarta força política no parlamento.

Foi o terceiro presidente da Iniciativa Liberal entre 8 de janeiro de 2019 e 22 de janeiro de 2023, sucedendo a Carlos Guimarães Pinto e antecedendo a Rui Rocha. Manteve-se como deputado após a saída da presidência liberal.

Antes da vida política, assumiu funções como administrador da Compal e da Nutricafés, passou pela TVI como diretor-geral do canal e e foi presidente do Turismo de Portugal entre 2016 e 2023.

Formou-se em Economia pela London School of Economics e tem um MBA pela Universidade Nova de Lisboa em Administração, Negócios e Marketing.

João Oliveira (CDU)

João Guilherme Ramos Rosa de Oliveira, advogado de 44 anos, é membro da Comissão Política do Comité Central do PCP, foi deputado entre a X e a XIV Legislaturas e presidente do Grupo Parlamentar do PCP entre 2013 e 2022.

Tenta agora um regresso a um cargo eletivo, depois de ter falhado a eleição para a Assembleia da República nas Legislativas de 2022, quando os comunistas viram reduzido o seu grupo parlamentar de 12 para seis deputados. Sucede ao eurodeputado João Ferreira como cabeça de lista do PCP.

Foi membro do Senado da Universidade de Coimbra, da Direcção-Geral da Associação Académica de Coimbra (AAC), da Direcção do Núcleo de Estudantes de Direito da AAC e ainda da Direcção da Associação de Estudantes da Escola Secundária Severim de Faria, em Évora.

Catarina Martins (Bloco de Esquerda – BE)

Catarina Martins, 50 anos, é a escolha dos bloquistas para liderar a lista candidata às próximas europeias.

Depois de uma década à frente do Bloco de Esquerda, durante a qual levou o partido aos seus melhores resultados, mas também a um dos piores, nas legislativas de 2022, Catarina Martins passou o testemunho a Mariana Mortágua no ano passado, na XIII Convenção Nacional.

Foi eleita deputada pela primeira vez nas legislativas de 2009, então como independente nas listas do BE, tendo sido reeleita nas eleições legislativas seguintes já como militante.

Catarina Martins foi coordenadora do BE entre 2012 e 2023. Nos primeiros dois anos, ocupou este cargo em parceria com João Semedo, numa inédita liderança ‘bicéfala’, modelo abandonado em 2014, na Convenção Nacional seguinte.

O BE tem atualmente dois eurodeputados.

Francisco Paupério (Livre)

Natural de Leça da Palmeira, no Porto, Francisco Paupério, investigador de 28 anos, é formado em biologia, com especialização em bioinformática, pela Faculdade de Ciência das Universidades do Porto e Lisboa e está atualmente a concluir o doutoramento em Biologia Integrativa e Biomedicina no Instituto Gulbenkian de Ciência.

Foi o vencedor das primárias internas do Livre para escolher a lista candidata ao Parlamento Europeu numa votação que viu a Comissão Eleitoral do partido, após a primeira volta, levantar suspeitas de “fortes indícios de viciação” do processo por cidadãos que não integram o partido e se inscreveram para participar.

A decisão foi revertida depois da Comissão de Ética e Arbitragem considerar que “não foram apuradas condutas concretas que traduzam uma viciação do processo eleitoral”.

Paupério venceu a segunda volta, que contou com seis candidatos, com 5.667 pontos, à frente da número dois da lista, Filipa Pinto, que conquistou 3.777 pontos. Antes desta candidatura, o cabeça de lista do Livre foi o número três pelo partido no círculo do Porto nas legislativas de março.

Pedro Fidalgo Marques (PAN)

Nascido em Oeiras, Pedro Fidalgo Marques, 37 anos, é um empreendedor social e cultural, licenciado em Dança e pós-graduado em Ciência Política, e frequenta o doutoramento em Dança na Faculdade de Motricidade Humana, da Universidade de Lisboa.

É membro da comissão política nacional do Pessoas-Animais-Natureza (PAN) e vogal da mesa do órgão máximo de direção política entre congressos do partido.

Tem em mãos a missão de devolver ao PAN um lugar em Estrasburgo. O partido liderado por Inês Sousa Real elegeu um eurodeputado em 2019 mas veio a perder esse lugar cerca de um ano depois, quando o eurodeputado Francisco Guerreiro se desfiliou do partido por “divergências políticas” com a direção, então liderada por André Silva.

Antes desta candidatura ao Parlamento Europeu, Fidalgo Marques foi já o número três do PAN no círculo eleitoral de Lisboa nas legislativas de março e foi eleito para a assembleia de freguesia da União de Freguesias de Oeiras e São Julião da Barra, Paço de Arcos e Caxias, em 2017.

Gil Garcia (MAS)

Gil Garcia, professor de Filosofia de 51 anos, é o cabeça de lista do Movimento Alternativa Socialista (MAS), partido do qual foi fundador. É a segunda vez que se apresenta como cabeça de lista do MAS a umas eleições europeias. A primeira foi em 2014.

Esteve já politicamente envolvido enquanto presidente do antigo partido Frente de Esquerda Revolucionária (FER).

É líder de uma lista às europeias de um partido dividido internamente, que apresentou duas listas distintas ao Tribunal Constitucional (TC).

Além da lista encabeçada por Gil Garcia, foi apresentada ao TC uma outra lista liderada por Renata Cambra, que se apresenta como a líder legítima do partido fundado em 2013 por dissidentes do Bloco de Esquerda. Esta lista foi rejeitada pelos juízes do TC.

Aquando do debate da saída do Reino Unido da União Europeia, Gil Garcia desafiou a esquerda portuguesa a unir-se em torno da promoção de um referendo sobre a presença de Portugal na União e já se posicionou, no passado, favoravelmente à saída do Euro.

Manuel Carreira (MPT)

Manuel Carreira, 65 anos, é psicoterapeuta e psicólogo forense tendo sido professor durante 25 anos em todos os graus de ensino até ao Ensino Superior. O cabeça de lista do MPT – Partido da Terra para as eleições europeias tem um bacharel em Filosofia e Humanidades e é licenciado em Psicologia.

Foi candidato por Leiria nas Legislativas de 2022 pelo MPT, partido do qual é vice-presidente da comissão política nacional. Trabalha como psicólogo há mais de 20 anos no Centro Hospitalar de Leiria e foi Perito de Psicologia Forense no Gabinete Médico-Legal de Leiria, durante 10 anos.

É o vice-presidente nacional do Partido da Terra.

Márcia Henriques (R.I.R.)

Licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Clássica de Lisboa, Márcia Henriques, 45 anos, é a cabeça de lista do Reagir-Incluir-Reciclar para as próximas europeias, depois de ter sido a cabeça de lista do partido nas últimas legislativas.

Fez o seu estágio profissional em Lisboa, e abriu o seu escritório de advocacia em Odivelas em 2004, tendo se estabelecido em Peniche, sua terra natal, em 2011.

Assumiu a liderança do RIR em 2019, sucedendo a Vitorino Silva, fundador do partido. Nas últimas legislativas, a candidatura que liderou reuniu mais de 26 mil votos, correspondentes a 0,40%.

Joana Amaral Dias (ADN)

Joana Amaral Dias, psicóloga e ex-deputada, 49 anos, foi o nome escolhido pelo Alternativa Democrática Nacional (ADN) para liderar a lista candidata ao Parlamento Europeu, como independente.

Foi deputada à Assembleia da República eleita pelo BE, candidata nas legislativas de 2015 pela coligação AGIR (PTP e MAS), candidata à Câmara de Lisboa pelo Nós, Cidadãos! e mandatária do socialista Mário Soares nas eleições presidenciais de 2016.

Até ao início deste ano, colaborava regularmente como comentadora do canal de televisão CNN Portugal e no semanário NOVO.

Diz que se candidata ao Parlamento Europeu para “lutar pela paz, pela liberdade, pela justiça e pela democracia” e quer “um espaço europeu que seja governado por eleitos e não por elites”.

Duarte Costa (Volt Portugal)

Duarte Costa, 34 anos, aderiu ao Volt em 2021, tendo sido candidato à Assembleia da República pelo círculo da Europa nas legislativas de 2022. Atualmente é co-presidente do Volt Portugal.

Apresentado pelo partido como especialista em alterações climáticas, formou-se em Geografia pela Universidade de Lisboa e é mestre em alterações climáticas e políticas.

Assinou recentemente uma missiva dirigida à Provedoria de Justiça para que se avance com uma ação para extinguir o partido Alternativa Democrática Nacional (ADN) por “perfilhar ideologia fascista” e solicitou uma providência cautelar sobre a subvenção deste partido.

Rui Fonseca e Castro (Ergue-te)

O antigo juiz Rui Fonseca e Castro, de 48 anos, lidera a lista do partido de extrema-direita às Europeias. O candidato popularizou-se em 2020, durante a pandemia, pelas suas posições negacionistas da Covid-19. O Conselho Superior de Magistratura abriu um processo contra o juiz que resultou na sua expulsão.

Nasceu em Luanda, vive em Ponte de Lima e formou-se na Universidade de Lisboa. Como juiz, trabalhou na capital, no Barreiro e em Oeiras. Durante a pandemia, além da expulsão da magistratura, enfrentou um processo disciplinar movido pela Ordem dos Advogados por usurpação depois de, apesar de ter a inscrição na ordem suspensa, ter dado aconselhamento jurídico nas redes sociais para violar o confinamento.

É defensor de que a União Europeia “tem de ser desmantelada” para que seja construído um novo “bloco europeu de pátrias verdadeiramente livres e soberanas”.

Ossanda Liber (Nova Direita)

Nascida em Luanda, Ossanda Liber, 46 anos, volta a liderar uma candidatura da Nova Direita, depois de já ter sido a cara do partido nas últimas eleições legislativas.

Foi vice-presidente do partido Aliança, fundado pelo antigo primeiro-ministro Pedro Santana Lopes, partido do qual se desfiliou para fundar o movimento Nova Direita.

Viveu em Paris, Coimbra, em 2004, mudou-se para Lisboa e naturalizou-se portuguesa em janeiro de 2021. Foi o rosto da candidatura à autarquia lisboeta do movimento cívico Somos Todos Lisboa nas eleições autárquicas de 2022.

Interrompeu a licenciatura em Direito, trabalhou no campo da produção e escrita para cinema e foi diretora do festival de cinema Hola Lisboa. Tem também experiência profissional no ramo imobiliário.

Pedro Ladeira (Nós, Cidadãos!)

Pedro Ladeira, de 63 anos, é gestor. Pertenceu à Força Aérea Portuguesa, e exerceu durante 39 anos funções em multinacionais farmacêuticas da Europa, Ásia e América.

No seu histórico político conta com colaborações com a Juventude Social-Democrata. Foi membro da Comissão Política do MMS- Movimento Mérito e Sociedade e fundou em 2012 o MMP- Movimento MandaQuemPaga- Partido dos Contribuintes. Foi também o cabeça de lista Nós, Cidadãos! pelo Círculo de Leiria nas Legislativas de 2019.

Frequentou Direito na Faculdade de Direito de Lisboa e tem o curso de Gestão de Empresas no IDEFE/ISEG.

José Manuel Coelho (Partido Trabalhista Português – PTP)

José Manuel Coelho, madeirense de 71 anos, nasceu em 22 de julho de 1952 e é o rosto do Partido Trabalhista Português para estas eleições ao Parlamento Europeu pela terceira vez, já que concorreu também em 2019 e em 2014, a estas como cabeça de lista.

Antigo militante do Partido Comunista Português, foi deputado à Assembleia Legislativa da Madeira nas IX, X e XI legislaturas (desde 2008, em regime de rotatividade) como parlamentar do PND (entretanto extinto) e do PTP, do qual é vice-presidente na estrutura regional.

A sua atividade política tem sido marcada por momentos pouco comuns: nos plenários da Assembleia Legislativa da Madeira, por exemplo, já usou um relógio de parede ao pescoço como forma de contestar o regimento do parlamento (por conceder tempos diminutos aos partidos da oposição) e desfraldou a bandeira nazi, como protesto por o parlamento nunca comemorar o 25 de Abril de 1974.

Em 2019, foi condenado a três anos e meio de prisão efetiva por desobediência e difamação, pena que foi suspensa pelo Tribunal de Relação.

Estes são os principais candidatos às eleições europeias de 2024, representando uma diversidade de experiências e perspetivas políticas.

LUSA/HN

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