Governo vai criar centros de atendimento clínico para situações agudas de menor complexidade e urgência

29 de Maio 2024

O Governo vai criar centros de atendimento clínico para atender situações agudas de menor complexidade e urgência, que funcionarão como “coroa de proteção” aos serviços de urgência hospitalares.

A medida consta do Plano de Emergência da Saúde, hoje apresentado na conferência de imprensa no final do Conselho de Ministros, que foi elaborado por um grupo de trabalho, liderado pelo médico Eurico Castro Alves.

Segundo o plano, a que a agência Lusa teve acesso, os Centros de Atendimento Clínico podem ser “entidades públicas, sociais e privadas que possam disponibilizar logísticas adequadas para o atendimento de situações agudas de menor complexidade clínica e urgência”.

De forma complementar, e no sentido de se aumentar a capacidade de resposta da estrutura instalada no SNS, deverá ser explorada a criação de “consultas abertas” nos próprios hospitais com Serviço de Urgência.

“Em Lisboa, por exemplo, já estão a ser realizados esforços para se encontrar um conjunto de alternativas com capacidade de atendimento de aproximadamente 1.000 doentes por dia com situações agudas de menor complexidade clínica (implicando entre 24 e 36 gabinetes de observação) até ao final de 2024”, lê-se no documento.

Após a adoção desta medida em Lisboa, seguida depois do Porto, serão abrangidas outras cidades de forma gradual.

Está também prevista a requalificação dos espaços de urgências: “É essencial para a criação de um ambiente propício à prestação de cuidados urgentes e emergentes, designadamente quanto aos fluxos urgentes/emergentes das Vias Verdes e à área da Saúde Mental”, lê-se no documento.

Relativamente aos internamentos, o objetivo é libertar até ao final do ano camas indevidamente ocupadas por situações sociais nos internamentos hospitalares dedicados a doentes com patologia aguda.

“Ao nível do SNS24, será melhorado o algoritmo em termos da pré-triagem e será permitido o encaminhamento para Centros de Atendimento Clínico, a referenciação para Urgências Metropolitanas por especialidade ou procedimento específico e o agendamento de consultas do dia seguinte”, lê-se no documento de 209 páginas.

Dentro do contexto do SNS24, será também disponibilizada a opção de teleconsultas médicas a situações de menor complexidade e urgência clínica.

Além destas medidas, será também constituído um Departamento de Urgência e Emergência Médica na Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS) para centralizar a gestão da rede e será criada a especialidade Médica de Urgência.

Ao nível do transporte do doente crítico, pretende-se garantir o transporte em segurança entre hospitais com veículos especializados e dedicados do INEM, bem como, assegurar a resposta de transporte pré-hospitalar para regiões especialmente carenciadas.

O plano está organizado em cinco eixos estratégicos prioritários, entre os quais reforçar o serviço de urgência para atender situações “realmente urgentes e emergentes”, e cada eixo prevê “medidas urgentes”, de aplicação imediata para obter resultados num período de até três meses, “medidas prioritárias”, planeadas para gerar resultados até ao final do ano, e “medidas estruturantes”, com planeamento e aplicação a médio-longo prazo.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Eixos centrais para a transformação e sustentabilidade do SNS

Ana Escoval, Professora Catedrática Jubilada da ENSP (NOVA) e vogal da Direção da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar, analisa as propostas dos partidos para as legislativas de 18 de maio, destacando a necessidade de inovação, integração de cuidados, racionalização de recursos e reforço da cooperação público-privada como eixos centrais para a transformação e sustentabilidade do SNS

Prioridades para a Saúde nas Legislativas 2025: Propostas de Pedro Pita Barros

Pedro Pita Barros, especialista em economia da saúde e professor da Nova School of Business and Economics (Nova SBE), propõe para as legislativas de 18 de maio um reforço do SNS, valorização dos profissionais, aposta nos cuidados primários e continuados, redução dos pagamentos diretos das famílias, estabilidade na gestão das ULS e consensos na saúde oral e mental, destacando a necessidade de medidas concretas e transversais

Carlos Cortes: Prioridades da Ordem dos Médicos para o XXV Governo

Carlos Cortes, Bastonário da Ordem dos Médicos, defende que o próximo Governo deve apostar na valorização dos recursos humanos, na reforma da gestão do SNS e na centralidade da pessoa nos cuidados de saúde. Propõe políticas de retenção de médicos, autonomia de gestão e humanização transversal do sistema.

Prioridades para a Saúde: Propostas de Fernando Leal da Costa para o XXV Governo Constitucional

Fernando Leal da Costa, Professor Universitário e ex-ministro da Saúde, defende como prioridades para o próximo Governo: revisão da Lei de Bases da Saúde e do Estatuto do SNS, reforma administrativa, reforço da gestão local, digitalização dos processos clínicos, controlo estatal da ADSE, redefinição dos recursos humanos, avaliação da eficiência, renovação hospitalar e aposta na prevenção.

Legislativas / Propostas dos partidos para a Saúde

Com a saúde como tema prioritário nos programas eleitorais, os partidos com assento parlamentar focam-se no aumento da remuneração dos profissionais, com a esquerda a ir mais longe para fixar médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Os programas eleitorais divergem sobretudo em matéria de parcerias público-privadas (PPP’s) em que os partidos mais à esquerda querem o fim destes contratos com privados enquanto a direita defende a sua eficácia.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights