Na segunda-feira, dia em que estiveram encerradas cinco urgências de Ginecologia e Obstetrícia, a Maternidade Alfredo da Costa (MAC) registou 98 admissões e realizou 25 partos, cinco dos quais cesarianas, o número mais elevado, pelo menos, desde 2013, ano em que rondavam os 22 por dia.
“Desde 2013, ano em que houve a integração da MAC no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, que não se fazia tantos partos”, disse à agência Lusa a presidente da Unidade Local de Saúde (ULS) São José, Rosa Valente de Matos, enaltecendo “o grande esforço” de uma equipa que “tem alterado as suas férias, o seu período de descanso para poder responder, neste momento, às necessidades” do país e da zona de Lisboa.
A administradora alertou, contudo, que este esforço “não é possível de se manter por muito mais tempo”, porque a equipa é a mesma que foi pensada para realizar um menor número de partos e “os profissionais têm as suas limitações e estão cansados”.
“Este esforço não pode ser contínuo. Os profissionais não aguentam, portanto temos estado a trabalhar em rede com o senhor diretor executivo, no sentido de que as grávidas que possam ter alta possam ir para os seus hospitais de origem”, disse, observando que 60% das mulheres que a MAC está a atender são fora da área de Lisboa.
Segundo a responsável, muitas grávidas que a MAC está a receber são da margem Sul, algumas da zona de Santarém, mas também há mulheres que vão pelo próprio pé porque sabem que a maternidade está aberta.
Perante o fecho previsto de sete urgências de Ginecologia e Obstetrícia na quinta-feira (feriado), oito no sábado e sete no domingo, defendeu que a abordagem em termos de articulação vai ter que ser ainda maior por parte dos outros hospitais para poderem receber as mulheres.
“O senhor diretor executivo [do SNS, António Gandra d´Almeida] de certeza que estará a pensar em como – havendo menos maternidades abertas – essa articulação tem que ser feita para que o esforço não recaia só sobre a Maternidade Alfredo da Costa”.
Nesse sentido, defendeu ser necessário uma articulação a nível nacional, lembrando que a “capacidade da MAC também é um bocadinho limitada”.
“Temos 30 camas de puerpério. Obviamente, se não houver articulação com outros hospitais, para as grávidas que já tenham parido poderem ter alta com os seus bebés e poderem ir para o seu hospital de residência ou mesmo para as suas casas, é impossível”, sustentou.
A MAC tem registado uma média semanal de 442 atendimentos na urgência em agosto, acima da média de julho (320), e uma média de 13 partos por dia, 15 ao fim de semana (11 partos, em média, no mês homólogo de 2023).
A enfermeira diretora da ULS São José, Maria José Costa Dias, também destacou o número de partos realizados num dia, atribuindo este aumento ao encerramento de outras maternidades e ao facto de as grávidas saberem que a MAC tem as portas abertas.
“Algumas vêm por sua iniciativa e nós estaremos cá para dar a nossa melhor resposta possível, obviamente, com as contingências que também temos”, disse Maria José Costa Dias, realçando o espírito de missão dos profissionais para tentar “dar a sua melhor resposta a quem procura a maternidade”.
Rosa Valente de Matos também quis deixar uma mensagem de agradecimento aos profissionais que constituem as equipas de urgência e do serviço de Neonatologia, que dá resposta aos recém-nascidos que têm de ir para os cuidados intensivos.
“Temos que estar todos muito agradecidos à grande equipa que temos na maternidade. É uma maternidade escola, vai fazer 100 anos, é uma referência a nível nacional e eu penso que também é essa a razão por que os profissionais sentem o esforço que têm que fazer para preservar efetivamente a MAC como uma referência a nível nacional”, realçou.
Num balanço enviado à Lusa, A Direção-Executiva do SNS indica que foram realizados no fim de semana passado 114 partos em Lisboa e Vale do Tejo, 56 no sábado e 58 no domingo.
No sábado a maioria dos partos foi feita na Unidade Local de Saúde Loures-Odivelas, com 12 partos, e na MAC, com 15. Já no domingo, além da Maternidade Alfredo da Costa, com 10 partos, a maior parte foram feitos nos hospitais de Cascais e Amadora-Sintra, com 11 partos cada.
LUSA/HN
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