Pela unidade, que integra a rede nacional, passaram pelos cuidados de média duração e reabilitação, com internamento até 90 dias, mais de mil utentes encaminhados sobretudo da zona norte do país, revelou Susete Abrunhosa. Em longa duração, até 180 dias de internamento, contam-se mais de 500 doentes.
“Estas duas respostas para pessoas com doença e dependência são uma mais-valia não só para o concelho e distrito de Bragança mas também para toda a zona norte. Em média duração, as patologias prevalecentes são Acidentes Vasculares Cerebrais, fraturas e neoplasias. Em longa duração, também as neoplasias, úlceras por pressão e pessoas em fim de vida, apesar de não ser o que está preconizado”, detalhou a diretora.
Desde 24 de junho que a capacidade de camas afetas à Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados em Bragança passou a ser 34 em média duração e 33 em longa duração, aumentando em 12.
Susete Abrunhosa revelou ainda que há já uma candidatura aprovada para uma nova valência, um centro de dia com reabilitação, que vai ter capacidade para 25 pessoas. Está previsto também o alargamento da resposta no âmbito da saúde mental, tendo sido manifestado o interesse junto da Administração Regional de Saúde do Norte.
Dia 18, a Santa Casa organiza um congresso no assinalar da década da unidade de cuidados integrados, subordinado ao tema “Novas Abordagens no Cuidar”.
“Os cuidados de longa duração são uma preocupação da agenda europeia. (…) Vamos refletir sobre este tipo de cuidados em Portugal e na região e sobre o perfil do utente, que está a mudar, com o aumento da esperança média de vida. É preciso reforçar este tipo de cuidados”, defendeu Susete Abrunhosa.
Durante o congresso vão ser apresentados dois projetos considerados inovadores na área do envelhecimento ativo na região – o Life Learning Now is Digital e o Domus Vitae.
Ricardo Asseiro, o coordenador do Life Learning Now, que está a meio, explicou à Lusa que o objetivo é dotar de competências digitais os idosos e pessoas portadoras de deficiência, população onde ainda se verifica muita iliteracia nesta área, aliando a tecnologia ao património cultural.
“Ou seja, com recolha de narrativas, de histórias, da altura do tempo de escola ou da adolescência dos utentes, registando-as através das novas tecnologias”, disse Ricardo Asseiro, acrescentando que o registo está a ser feito através de vídeo e de fotografia.
O projeto, que conta com fundos europeus, está a ser replicado em Espanha e em Itália em simultâneo. Esta primeira fase, com a duração de cerca de um ano, abrangeu 20 utentes do distrito de Bragança.
Berta Pires, de 93 anos, é de Gondesende, no concelho de Bragança, e foi uma das participantes.
“Aprendi a mexer nos computadores e demos a nossa vida a saber, desde criança. Gostei. Dos computadores não aprendi muito porque as mãos não ajudam, já estão tolheitas, mas tinha curiosidade em calcar naqueles botõezinhos. Os telemóveis, entendo bem. Mas com computadores nunca tinha trabalhado”, partilhou a utente do lar da Santa Casa.
O Domus Vitae tem vindo a acompanhar quinzenalmente desde o início do ano 40 pessoas, a maioria ao doicílio, com cuidados de psicologia e de fisioterapia.
“É necessária esta questão da proximidade. Conversar com as pessoas é importantíssimo, tanto por causa do isolamento geográfico como social. A maioria tem pouca retaguarda familiar. (…) O que vemos quando chegamos é uma lufada de ar fresco e um brilho nos olhos”, considerou Marta Lima, psicóloga clínica que integra o projeto.
LUSA/HN
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