Consumo de medicamentos antitabágicos baixou desde o fim de comparticipação de fármaco em 2021

26 de Setembro 2024

Mais de 450 mil embalagens de medicamentos para deixar de fumar foram vendidas nas farmácias desde 2021, mas o consumo tem decrescido desde a retirada do mercado nesse ano do único medicamento comparticipado pelo Estado, segundo dados do Infarmed.

Os dados avançados à Lusa, a propósito do Dia Europeu do Ex-fumador, assinalado hoje, dizem respeito aos medicamentos antitabágicos colocados pelos grossistas nas farmácias de Portugal continental, entre 01 de janeiro de 2021 e 31 de maio deste ano.

De acordo com a informação, foram vendidas 157.286 embalagens de medicamentos em 2021, número que desceu para 126.459 no ano seguinte e para 114.842, em 2022. Entre janeiro e maio desde ano, foram dispensadas 51.993 embalagens.

No ano em que o Champix ainda estava no mercado, em 2021, os encargos do Serviço Nacional de Saúde com medicamentos com indicação para a cessação tabágica prescritos e dispensados nas farmácias comunitárias totalizaram perto de 500 mil euros. Com a sua retirada do mercado, por decisão do laboratório, os valores passaram a ser residuais nos anos seguintes, cerca de 1.120 euros em 2022, e 107 euros em 2023 e podem dever-se a consumos residuais de Champix, cuja substância ativa é a Vareniclina

A Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) sublinha que, desde a retirada deste medicamento do mercado português em 2021, que não existiam medicamentos comparticipados em Portugal para esta indicação”.

Foram, no entanto, comparticipados dois medicamentos antitabágicos recentemente, um genérico de Vareniclina que foi colocado recentemente no mercado, e um medicamento de Citisiniclina, que vai estar disponível com comparticipação em outubro, avançou.

Questionado se está em estudo a comparticipação de mais fármacos para deixar de fumar, o Infarmed explicou que a comparticipação está sujeita à submissão de pedidos por parte das empresas detentoras dos medicamentos.

Para a coordenadora da Comissão de Trabalho de Tabagismo da (SPP), Sofia Ravara, o facto de os fumadores passarem a ter dois medicamento comparticipados “é uma excelente notícia.

A pneumologista disse que existem estudos que mostram que o baixo preço motiva os fumadores para deixar de fumar.

Além disso, triplica a taxa de sucesso do tratamento, porque aumenta a adesão ao tratamento farmacológico, disse a responsável da APP, que lançou a campanha “Deixar de usar tabaco e nicotina: uma meta alcançável com tratamento”.

A também professora da Universidade Beira Interior falava depois de a SPP ter feito as contas aos ganhos que se pode ter ao deixar de fumar com a comparticipação de dois fármacos, sobretudo, do genérico, tendo concluído que “continuar a fumar custa cinco vezes mais do que fazer o tratamento”.

“O seu custo ronda os 26 euros para o contribuinte normal e 20 euros para o pensionista. Se pensarmos, por exemplo, que uma das marcas mais baratas para fumar custa 4,7 euros, o maço de tabaco, uma pessoa que fume 20 cigarros vai gastar 141 euros por mês, enquanto se fizer a terapêutica vai gastar 26 euros ou 20 euros se for pensionista”, realçou.

Para a especialista, esta poupança é “extremamente apelativa”, desejando que “os fumadores tenham esta informação”.

LUSA/HN

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