A Dermatite Atópica, também conhecida como Eczema Atópico, é uma doença inflamatória crónica da pele que se caracteriza por uma pele seca, inflamada e com prurido intenso. Esta condição deve-se a uma alteração da função de barreira da pele, verificando-se perda de água e a possível entrada de alergénios, agentes patogénicos, entre outros.
Embora a imunodesregulação e a disfunção da barreira cutânea contribuam para a disrupção da barreira cutânea e para o Eczema Atópico, outros factores como alterações genéticas, fatores alergénicos, o ambiente (por ex. mudanças de estação) e estilo de vida (por ex.: stress) também têm impacto nesta patologia.
A Dermatite Atópica tem um grande impacto na qualidade de vida e autoestima das pessoas afetadas.
Nas últimas décadas, a incidência da Dermatite Atópica tem aumentado consideravelmente. Estima-se que, a nível global, cerca de 230 milhões de pessoas sofram desta condição. A prevalência é maior nas crianças (15-20%), mas também se manifesta em adultos (2-8%).
Os principais sintomas da Dermatite Atópica incluem pele seca e inflamada, prurido intenso, erupções cutâneas, espessamento e endurecimento da pele. O tratamento agudo tem como objetivo tratar a crise atual, aliviando o prurido, reduzindo a inflamação e vermelhidão, e reparando a barreira cutânea.
Por outro lado, o tratamento de base ou de manutenção visa prevenir crises futuras através da manutenção da barreira cutânea intacta. Isto é conseguido através de uma rotina diária com emolientes. Ao manter ou reparar a barreira cutânea, é possível aumentar o tempo entre crises, reduzir a aplicação de medicamentos anti-inflamatórios tópicos (como corticoides tópicos) e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida dos doentes. Sem um tratamento de manutenção apropriado, o tempo médio entre crises é de apenas 30 dias.
É importante destacar que, embora o tratamento da Dermatite Atópica se concentre principalmente no alívio da pele lesada durante as crises, a pele não lesada também necessita de cuidados. Apesar de parecer uma “pele normal”, a pele não lesada de pessoas com Dermatite Atópica não é uma pele saudável, pois a barreira cutânea também está alterada. Mesmo na pele não lesada, verifica-se perda de água transepidérmica (com consequente desidratação), alteração dos lípidos e do microbioma da pele, embora estas alterações sejam menos acentuadas do que na pele lesada.
As Guidelines reforçam a necessidade de cuidados diários da pele atópica, nomeadamente a utilização de emolientes, sendo estes o “pilar” do tratamento de manutenção da Dermatite Atópica, permitindo espaçar e diminuir as crises de Dermatite Atópica.
Os emolientes reparam e mantêm a barreira cutânea. A hidratação cutânea pode permitir espaçar as crises de eczema atópico. O uso de emoliente é a principal medida de tratamento em casos de DA ligeira e uma parte importante do tratamento da AD moderada a severa.
Nesse sentido, a utilização frequente de um emoliente, pelo menos uma vez por dia, ajuda a controlar a xerose cutânea (prurido). O momento mais eficaz para aplicar é imediatamente após o banho (enquanto a pele ainda está húmida).
Neste contexto, é crucial abordar os cuidados diários da pele atópica ou com tendência atópica, especialmente em alturas como o regresso às aulas e ao trabalho, bem como nas mudanças de estação. Adotar uma rotina de cuidados adequada pode fazer uma grande diferença na gestão desta condição crónica e na melhoria da qualidade de vida das pessoas afetadas.
Abaixo, estão descritas as principais medidas diárias para o cuidado diário da pele atópica:
- Tomar banho diariamente (preferencialmente), se a duração for inferior a 10 minutos (idealmente 5 minutos), utilizar água morna (não quente);
- Durante os meses mais frios, quando há menos humidade, pode considerar-se a utilização de um vaporizador no quarto do doente à noite (tendo o cuidado de limpar o dispositivo regularmente e evitar a formação de bolor);
- Utilizar um detergente sem aditivos (sem perfume e sem corantes) para lavar a roupa. Se for utilizado um amaciador de roupa, este também deve ser isento de aditivos;
- Usar roupa de algodão junto à pele sempre que possível;
- Utilizar um gel de banho sem sabão e sem perfume;
- Aplicar um emoliente, conforme necessário, para controlar a xerose cutânea.
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