Um estudo recente da OMD, intitulado “Diagnóstico à Profissão 2024”, revela que apenas 4,1% dos dentistas estão a trabalhar em hospitais ou centros de saúde, e mais de um terço desses profissionais (35,2%) estão integrados como Técnicos Superiores do Regime Geral, uma carreira que não é adequada para a prática de atos médicos.

Miguel Pavão, bastonário da OMD, criticou a falta de ação dos sucessivos governos: “Apesar dos nossos alertas ao longo dos últimos anos, os sucessivos governos fingem que esta realidade não existe. A solução para este problema só depende da vontade política de criar a carreira de medicina dentária no SNS.”

O estudo também indica que 43,5% dos dentistas contratados no setor público estão a trabalhar sob regime de recibos verdes, com 22,3% destes vínculos estabelecidos diretamente com a Administração Regional de Saúde e 21,3% através de empresas intermediárias. Pavão enfatiza que a ausência de uma carreira específica para a medicina dentária afeta a capacidade de atrair profissionais qualificados e contribui para a saída de dentistas para o estrangeiro.

Os dados do estudo mostram que 8,2% dos dentistas estão a exercer fora de Portugal, com 5,7% a trabalhar exclusivamente no estrangeiro. Entre os que decidiram emigrar, 65,4% referem que não conseguiam obter um rendimento satisfatório em Portugal e 57,1% sentem que a profissão não é valorizada no país.

As preocupações dos dentistas são claras: 64,3% dos inquiridos consideram que a Medicina Dentária não é reconhecida como uma profissão de desgaste rápido, enquanto 56,6% apontam o crescimento dos seguros e planos de saúde como uma preocupação crescente.

Em relação à atividade profissional, 70,1% dos dentistas demoraram entre um e seis meses a iniciar a sua carreira, e 82,7% atendem mais de 25 utentes por semana. A situação financeira dos dentistas também é alarmante, com 17% dos profissionais a auferirem um rendimento mensal bruto inferior a 1.500 euros, tanto em Portugal como no estrangeiro.

A OMD espera que este estudo leve a uma reflexão profunda sobre a necessidade de mudar a situação atual da medicina dentária em Portugal e reitera a urgência de uma solução política para a criação de uma carreira adequada no SNS.

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