Biobanco da NOVA recebeu no 1.º ano mais de 760 amostras biológicas para investigar doenças

18 de Janeiro 2025

Mais de 70 pessoas doaram ao biobanco da NOVA Medical School 769 amostra biológicas, entre sangue, soro e plasma, que estão a ser usadas na investigação de doenças hereditárias da retina, um ato de generosidade de ajuda a ciência a avançar.

Em declarações à Lusa, a coordenadora técnica do CHAIN Biobank, da NOVA Medical School, Maria Assunção, explica a importância da participação de todos neste manancial de material que os cientistas têm à sua disposição, seja para ajudar a fazer um diagnóstico, definir qual a melhor terapêutica ou descobrir um medicamento para uma doença.

“Os biobancos pretendem armazenar as amostras, sempre seguindo as exigências legais e éticas, e guardam essas amostras para depois conseguir distribuir por outros investigadores, para [ajudar a responder a] outras perguntas de investigação, que podem ser colocadas mais à frente no tempo, com outras tecnologias e com outro conhecimento científico”, explicou a responsável.

No caso do CHAIN Biobank, as amostras recolhidas – essencialmente sangue, soro e plasma – já foram usadas em projetos de investigação na área das doenças da retina, doenças infecciosas e num outro sobre a doença de Ménière, um disturbio audutivo caracterizadpo por episódios de vertigem intensa e perda auditiva.

Maria Assunção diz que há sempre a preocupação de “maximizar o valor de cada doação” e sublinha a preocupação com a sustentabilidade da ciência: “Em vez das amostras serem colhidas para um projeto específico, e depois dessa utilização serem destruídas, essas amostras podem ser armazenadas e o conhecimento adquirido dessa investigação guardado” para ser desenvolvido mais tarde.

Lembra que as amostras “são limitadas” e que, por isso, há uma comissão científica que tem de aprovar todos os pedidos de amostras “para garantir que há interesse científico naquela utilização”.

Segundo explicou, as pessoas podem doar amostras de duas formas: ou no âmbito de um determinado projeto coordenado pelo seu medico assistente, e aí são convidadas a participar, ou através de campanhas próprias.

A este nível, Maria Assunção anunciou que a NOVA Medical School está a desenhar uma campanha que deverá decorrer no segundo trimestre deste ano para recolher amostras de pessoas saudáveis: “muitas vezes estes projetos recolhem nos hospitais amostras de pessoas com patologias, mas depois, para os projetos de investigação, é muito importante poder comparar com um grupo [de população] saudável”.

“É também nesse sentido que o biobanco pode ajudar os projetos de investigação e os investigadores”, acrescentou.

Amostras líquidas, como sangue e seus derivados, urina, fezes, líquido cefalorraquidiano, humor aquoso e outros líquidos corporais, e amostras sólidas, como cálculos renais, cabelo e tecidos vários, obtidos como desperdício em procedimentos de cirurgias programadas, são alguns exemplos de materiais que podem ser recolhidos e armazenados nestes biobancos.

“É uma ferramenta valiosa para impulsionar a investigação. A coleção inclui sangue total, plasma, soro e urina, e será complementada com amostras em casos de cirurgias oculares programadas”, explicou a coordenadora técnica do CHAIN Biobank.

Com as amostras armazenadas neste primeiro ano de funcionamento, o CHAIN Biobank guarda já mais de 41.000, uma vez que a NOVA Medical School já recolhia e armazenava amostras antes de 2024. Algumas começaram a ser recolhidas na altura da pandemia e outras eram de investigadores da casa que as tinham armazenadas noutros biobancos.

Apesar dos avanços, os biobancos enfrentam desafios como a sustentabilidade financeira e a necessidade de infraestrutura adequada. Superá-los implica “o apoio contínuo da comunidade e um alinhamento constante entre os interesses científicos e as necessidades da população”.

Sublinhando que a participação de cada um faz a diferença, a responsável diz que contribuir com uma simples doação de amostra pode significar um futuro com diagnósticos mais rápidos, tratamentos mais eficazes e uma ciência “mais justa e acessível para todos”.

lusa/HN

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