No relatório que validou Gandra d’Almeida para o cargo, a Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CReSAP) diz que a avaliação realizada e o parecer emitido têm como base “a informação produzida pela personalidade indigitada, inteiramente da sua responsabilidade,” bem como os resultados do questionário de Análise de Perfil Pessoal e os dados consolidados através da realização de entrevista individual.
Gandra d´Almeida demitiu-se do cargo de diretor executivo do SNS na sexta-feira, depois de a SIC ter noticiado que acumulou, durante mais de dois anos, as funções de diretor do INEM do Norte, com sede no Porto, com as de médico tarefeiro nas urgências dos hospitais de Faro e Portimão.
Contudo, apesar de ter dito à CReSAP não ter “omitido informações relevantes, nem possuir quaisquer impedimentos e incompatibilidades para o exercício do cargo”, Gandra d´Almeida nada revelou sobre os serviços prestados aos hospitais de Faro e Portimão na altura em que era ainda responsável pela delegação regional Norte do INEM, cargo que ocupou entre 2021 e 2024.
Segundo o documento da CReSAP, enquanto ainda era diretor da delegação Norte do INEM, apenas revelou ter exercido funções de médico de cirurgia geral no Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia, Espinho de 2015 a 2022.
Na informação hoje publicada, o Correio da Manhã escreve que o currículo enviado à CReSAP já mencionava turnos alegadamente ilegais feitos no Hospital de Gaia por Gandra d´Almeida.
Segundo escreve hoje o jornal Público, citando as Unidades Locais de Saúde (ULS) de Matosinhos e Guarda, Gandra d´Almeida também prestou serviços a estas instituições durante o período em que dirigia a delegação Norte do INEM.
O jornal escreve que a ULS de Matosinhos confirma a realização de um contrato de prestação de serviços de 2022 a 2024 com a empresa Tarefas Métricas, para a VMER [Viatura Médica de Emergência e Reanimação] do Hospital Pedro Hispano, e a ULS da Guarda confirma que o médico ali prestou serviço através da entidade Raiz Binária, Lda., desde maio do ano 2019 até junho de 2024.
A CReSAP escreve ainda que as informações contidas no ‘curriculum vitae’ e no questionário de autoavaliação, bem como os resultados do questionário de competências pessoais e os dados obtidos através da entrevista individual, “evidenciam competências técnicas e comportamentais que sustentam uma apreciação positiva para o desempenho do cargo em causa”.
Diz ainda que, no que se refere ao perfil comportamental, trata-se de “uma pessoa empática, determinada, leal, empenhada e com um elevado sentido de serviço público”.
Depois da polémica, Gandra d´Almeida apresentou a demissão. Será substituído no cargo pelo antigo presidente da Entidade Reguladora da Saúde Álvaro Almeida.
lusa/HN
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