Xavier Barreto: Novo diretor do SNS tem “todas as competências” para o cargo

21 de Janeiro 2025

O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) afirmou hoje que o novo diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem as competências para o cargo, mas admitiu que lhe falta alguma ligação ao terreno.

 

“Eu diria que é uma pessoa que tem as competências que são necessárias” para liderar a Direção Executiva do SNS, adiantou à Lusa Xavier Barreto, pouco depois de ser conhecido que o antigo presidente da Entidade Reguladora da Saúde, Álvaro Almeida, foi escolhido para cargo, na sequência da demissão de Gandra D´Almeida na sexta-feira.

O presidente da APAH salientou ainda que Álvaro Almeida, “antes das suas incursões pela política”, como deputado do PSD e candidato à Câmara do Porto, “era e sempre foi um académico, um professor de economia” da área da gestão de serviços de saúde.

“Muito antes de ser político, é claramente um técnico, que teve experiências na liderança de algumas entidades na área da saúde”, como a Entidade Reguladora da Saúde e a Administração Regional de Saúde do Norte, que lhe “deu um conhecimento profundo do setor”, afirmou.

Xavier Barreto reconheceu que lhe falta “algum conhecimento do que se passa no terreno no dia a dia” do SNS, mas manifestou-se convicto que essa lacuna poderá ser ultrapassada com uma equipa constituída por trabalhadores do SNS, que lhe “possa dar a visão dos problemas e das soluções”.

Sobre a reformulação da Direção Executiva do SNS, anunciada hoje pelo Ministério da Saúde e prevista no Programa do Governo, o representante dos administradores hospitalares adiantou ser necessário esperar para perceber qual a intenção concreta do Governo.

Salientou, porém, fazer todo o sentido a existência da Direção Executiva, alegando que se mantém a necessidade de despolitizar a gestão do SNS, conferindo-lhe um cariz mais técnico, e garantir que existe uma única entidade a gerir toda a rede de unidades de cuidados de saúde hospitalares e primários.

Na sexta-feira, o então diretor executivo do SNS, António Gandra d’Almeida, pediu a demissão das suas funções, pedido que foi aceite de imediato pela ministra da Saúde, Ana Paula Martins.

O pedido de demissão foi anunciado depois de a SIC ter noticiado que acumulou, durante mais de dois anos, as funções de diretor do INEM do Norte, com sede no Porto, com as de médico tarefeiro nas urgências de Faro e Portimão e que terá recebido por esses turnos mais de 200 mil euros.

Doutorado em Economia pela London School of Economics and Political Science, Álvaro Santos Almeida foi presidente da Administração Regional de Saúde do Norte, presidente da Entidade Reguladora da Saúde entre 2005 e 2010 e foi economista no Fundo Monetário Internacional.

Na Porto Business School é diretor da Pós-Graduação em Gestão e Direção de Serviços de Saúde.

Foi deputado do PSD e chegou a ser candidato à Câmara Municipal do Porto nas eleições autárquicas de 2017.

Entretanto, a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) anunciou na segunda-feira uma inspeção à eventual acumulação de funções públicas e privadas de António Gandra d’Almeida nos períodos em que foi diretor do INEM do Norte e diretor executivo do SNS.

Além dessa inspeção, a IGAS vai realizar uma auditoria, desdobrada em vários processos, ao “desempenho organizacional das entidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e do Ministério da Saúde” relativa ao cumprimento das normas que regulam a acumulação de funções públicas com funções ou atividades privadas.

lusa/HN

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