Médica de Nova Iorque acusada por prescrever pílula abortiva ‘online’ no Louisiana

1 de Fevereiro 2025

Uma médica de Nova Iorque foi acusada na sexta-feira por um grande júri do Louisiana de ter prescrito uma pílula abortiva 'online' nesse Estado, que tem uma das proibições de aborto mais rigorosas dos Estados Unidos.

Os jurados de um tribunal distrital deste Estado do sul dos Estados Unidos emitiram uma acusação contra Margaret Carpenter, a sua empresa, Nightingale Medical, e uma terceira pessoa.

As três parte foram acusadas de aborto criminoso através de drogas indutoras de aborto, um crime grave, noticiou a agência Associated Press (AP).

Este caso parece ser a primeira instância de acusações criminais contra um médico acusado de enviar comprimidos abortivos para outro Estado, pelo menos desde que o Supremo Tribunal dos EUA anulou o caso Roe v. Wade, em 2022, e abriu a porta para que os estados tivessem leis antiaborto rigorosas.

Carpenter foi também acusada pelo procurador-geral do Texas em dezembro, sob alegações semelhantes de envio de comprimidos para aquele Estado. Este caso não envolveu acusações criminais.

A acusação surge poucos meses depois de o Louisiana se ter tornado o primeiro Estado com uma lei para reclassificar tanto a mifepristona como o misoprostol como “substâncias perigosas controladas”. Os medicamentos ainda são permitidos, mas a equipa médica tem de passar por passos extra para aceder aos mesmos.

De acordo com a legislação, se alguém possuir intencionalmente mifepristona ou misoprostol sem uma receita válida para qualquer fim, poderá ser multado até 5.000 dólares e enviado para a prisão durante um a cinco anos.

A lei estabelece proteções para as mulheres grávidas que obtêm o medicamento sem receita médica para tomar por conta própria.

“Já o disse antes e volto a dizer: responsabilizaremos os indivíduos por violarem a lei”, garantiu a procuradora-geral do Louisiana, Liz Murrill, republicana, numa declaração na sexta-feira.

Desde a queda de Roe v. Wade, o Louisiana tem uma proibição quase total do aborto, sem exceções em caso de violação ou incesto.

Segundo a lei, os médicos condenados por realizar um aborto ilegal, incluindo um com comprimidos, podem enfrentar até 15 anos de prisão, multas de 200 mil dólares e a perda da sua licença médica.

“Não se enganem, desde que Roe v Wade foi anulado, temos assistido a um padrão perturbador de interferência nos direitos das mulheres”, alertou, em comunicado, a Abortion Coalition of Telemedicine, da qual Carpenter é uma das fundadoras.

A acusação de sexta-feira pode ser o primeiro teste direto às leis de proteção de Nova Iorque, que visam proteger os prescritores que utilizam a telemedicina para fornecer comprimidos abortivos a pacientes nos estados onde o aborto é proibido.

“Sempre soubemos que anular o caso Roe v. Wade não seria o fim da estrada para os políticos antiaborto. É por isso que trabalhei com o Congresso para aprovar leis líderes nacionais para proteger os médicos e os doentes”, destacou a governadora de Nova Iorque, Kathy Hochul, em comunicado.

As pílulas tornaram-se o meio mais comum de aborto nos EUA, representando quase dois terços destes até 2023. Estão também no centro da ação política e legal sobre o aborto.

LUSA/HN

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