Papa lembra aos artistas que a sua missão é “transformar a dor em esperança”

16 de Fevereiro 2025

O Papa encorajou hoje os artistas a lembrarem-se que a “sua missão não é apenas criar beleza”, mas “transformar a dor em esperança”, na homília lida pelo cardeal português José Tolentino de Mendonça devido à hospitalização de Francisco.

No início da celebração da missa do Jubileu da Cultura, o cardeal Tolentino afirmou que o primeiro pensamento era dirigido ao Papa Francisco, que está internado no Hospital Gemelli, em Roma, devido a uma infeção respiratória.

“Rezamos pela sua saúde, agradecemos a visão e o apoio que sempre nos oferece”, disse o cardeal Tolentino, prefeito da Cultura, na celebração a que presidiu na Basílica de São Pedro, na Cidade do Vaticano, em substituição do Papa.

Francisco, de 88 anos, também não rezará hoje a oração do Angelus, uma vez que a sua equipa médica lhe prescreveu “repouso absoluto”, mas vai enviar o texto para publicação.

Na homília, Francisco destacou que “a missão” dos artistas “não é apenas criar beleza, mas revelar a verdade, a bondade e a beleza escondidas nas dobras da história, dar voz a quem não tem voz, transformar a dor em esperança”.

Mas, vincou, “a verdadeira esperança está entrelaçada com o drama da existência humana” e “é por isso que a arte autêntica é sempre um encontro com o mistério, com a beleza que nos ultrapassa, com a dor que nos questiona, com a verdade que nos chama”.

“Queridos artistas, vejo-vos como guardiões da beleza que sabem se curvar diante das feridas do mundo, que sabem ouvir o grito dos pobres, dos que sofrem, dos feridos, dos prisioneiros, dos perseguidos, dos refugiados”, salientou o Papa, citado pelo cardeal português.

Num tempo em que “se levantam novos muros, em que as diferenças se tornam pretexto de divisão e não ocasião de enriquecimento mútuo, vós (…) sois chamados a construir pontes, a criar espaços de encontro e diálogo, a iluminar mentes e a acender os corações”.

Na sua forte defesa da cultura, Francisco sublinhou que “a arte não é um luxo, mas uma necessidade do espírito” e que “o mundo precisa de artistas proféticos, de intelectuais corajosos, de criadores de cultura”.

Devido ao estado de saúde, o Papa também teve de cancelar a visita prevista para segunda-feira aos lendários estúdios cinematográficos Cinecitta, um dos destaques do Jubileu da Cultura, que hoje reúne em Roma mais de 10.000 artistas de uma centena de países, como a atriz Monica Bellucci e os diretores Tim Burton e Giuseppe Tornatore.

Segundo a televisão pública RAI e a agência Ansa, o Papa voltou a passar uma noite tranquila, tal como na véspera, em que, de acordo com o Vaticano, “descansou toda a noite” e “não apresentou qualquer episódio febril”.

O Vaticano informou que “os testes efectuados durante o dia confirmaram a infeção do trato respiratório” e que “a terapia foi ligeiramente modificada” com base nos novos resultados microbiológicos, sendo que “os testes laboratoriais de hoje mostraram uma melhoria em alguns valores”.

NR/HN/Lusa

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