80% dos portugueses com doença renal avançada dependem de hemodiálise

5 de Março 2025

Dados do Registo Nacional da Doença Renal Crónica mostram que 80% dos portugueses no estádio final da doença fazem hemodiálise. Diabetes e hipertensão são as principais causas de novos casos.

Oito em cada dez portugueses com doença renal crónica avançada recorrem à hemodiálise, de acordo com os dados mais recentes do Registo Nacional da Doença Renal Crónica, divulgados no Atlas da Doença Renal Crónica. Este documento, uma iniciativa da Sociedade Portuguesa de Nefrologia, revela que 80,2% dos novos doentes que atingiram o estádio V da doença em 2023 iniciaram tratamento por hemodiálise.

A grande maioria destes pacientes, cerca de 90%, recebe tratamento em unidades de diálise do setor privado. Apenas uma pequena percentagem, aproximadamente 10%, opta pela diálise domiciliária.

A diabetes e a hipertensão continuam a ser as principais causas de novos casos de doença renal crónica, representando 31,3% e 11,2% dos casos, respetivamente. As doenças cardiovasculares (27,9%) e as infeções (26,5%) são as principais causas de mortalidade entre os doentes em hemodiálise, seguidas pelas neoplasias (10,2%), especialmente em pessoas com mais de 65 anos.

O relatório destaca uma tendência crescente para o tratamento conservador, com 8,4% dos doentes a optarem por esta via em 2023. No entanto, os especialistas acreditam que este número possa estar subvalorizado devido a problemas na definição do âmbito desta designação.

Um dado preocupante é que mais de 28% dos doentes que iniciaram diálise em 2023 têm mais de 80 anos. A idade média dos doentes em hemodiálise subiu para 68,5 anos, com 13% a iniciarem este tratamento.

A diálise peritoneal, realizada em casa pelos doentes ou cuidadores treinados, registou um aumento de 9,3% em 2023. A média de idades dos pacientes que optam por esta modalidade diminuiu para 56,1 anos, e a mortalidade associada caiu 5,3%.

Quanto aos transplantes renais, Portugal realizou um total de 15.556 desde 1980, com um aumento significativo em 2023 (547 transplantes, mais 10% que no ano anterior). A maioria dos órgãos (89%) provém de dadores cadáveres, mas há um crescimento no número de dadores vivos (11%).

É importante notar que a doença renal crónica afeta cerca de um milhão de pessoas em Portugal, embora muitos desconheçam a sua condição devido à natureza silenciosa da doença, que pode progredir sem sintomas evidentes até estágios avançados.

PR/HN/MM

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