“Há algumas queixas que têm chegado a nós deste hospital, ligadas ao mau atendimento e ao desaparecimento de crianças (…), daí que há uma equipa que já está criada, em coordenação com os colegas da província, para podermos trabalhar, monitorar e termos evidências daquilo que está a acontecer”, disse hoje à comunicação social Ussene Isse, à margem de uma visita à unidade hospitalar.
Em causa estão os vários relatos nas redes sociais sobre alegados maus-tratos a mulheres, principalmente durante o parto naquela unidade hospital, sendo o mais popular o “caso Leila”, uma mulher que teve o útero retirado após um parto de cesariana, no qual o bebé foi dado como morto, mas o corpo nunca chegou a ser entregue à família.
“Tudo o que vem da população, que são queixas, nós temos que dar valor, temos que compreender e respeitar (…), a minha equipa é acompanhada pelo inspetor-geral da saúde para dar continuidade e monitorar estas queixas”, explicou o ministro.
Ussene Isse apelou ainda a que os partos sejam assistidos por membros das famílias das gestantes na unidade.
“É uma recomendação para todo o país, não só para este hospital”, acrescentou.
Na segunda-feira, um grupo de pouco mais de uma dezena de mulheres manifestou-se defronte do Hospital Provincial da Matola, em Maputo, contra alegados “maus-tratos” e “negligência médica” durante o parto naquela unidade hospitalar.
“Estamos indignadas com os maus-tratos, roubo dos nossos bebés, retirada dos nossos úteros sem o nosso consentimento”, disse à Lusa Lodovina Michel, ativista da Organização de Mulheres Resilientes, que liderou a manifestação.
Trajadas de capulanas (tecido tradicional), roupas pretas, com apitos e uma boneca nos braços, as mulheres entoaram hinos e empunharam cartazes, com mensagens críticas ao Hospital Provincial da Matola por alegada violência obstétrica, havendo já pelo menos um caso em julgamento no tribunal de Maputo envolvendo aquela unidade.
De acordo com o censo populacional de 2017, o rácio de mortes maternas é de 452 por 100.000 nados vivos, o que continua a colocar Moçambique entre os países onde as mulheres têm maior risco de morte durante a gravidez, parto e período pós-parto.
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