Transplante com dador vivo de rim aumenta e representou 12% da transplantação renal em 2024

14 de Março 2025

O transplante com dador vivo de rim tem registado um crescimento sustentado, representando, em 2024, 12,5% na atividade de transplantação renal, segundo dados divulgados hoje pela Coordenação Nacional de Transplantação.

De acordo com os dados divulgados no “Dia Mundial do Rim”, “o máximo número absoluto” foi atingido em 2017 com 77 dadores vivos de rim.

“A consistência do número de transplantes renais com dador vivo, especialmente a partir de 2015 deve-se fundamentalmente ao trabalho de sensibilização para a doação realizada pelos profissionais, concomitantemente com a implementação de técnicas médicas diferenciadas que permitem a realização de transplantes que no passado não seriam possíveis”, refere a coordenação nacional num comunicado enviado à agência Lusa.

Com o intuito de sensibilizar e consciencializar a população sobre a importância dos rins e do transplante renal, como tratamento possível na doença renal terminal, o “Dia Mundial do Rim” tem como tema este ano “Como estão os seus rins? Faça um teste para descobrir!”.

A Coordenação Nacional de transplantação do Instituto Português do Sangue e da Transplantação assinala que foi no transplante renal, que Portugal deu os seus primeiros passos na área da transplantação, quando em 1969 o Professor Linhares Furtado realizou, em Coimbra, o primeiro transplante renal com dador vivo.

Desde esta data, foram transplantados mais de 1.230 doentes renais em Portugal.

Realça que todos os anos se regista “um número muito expressivo na atividade de transplantação, sendo sem margem para dúvidas” o transplante renal o que mais se destaca, não só pelo seu número, mas também pela possibilidade de doação em vida”.

De acordo com os dados do Conselho da Europa de 2023, Portugal é o 6.º país com maior taxa de transplante renal, na ordem dos 53.6 transplantes renais por milhão de habitante.

“Estes números colocam-nos no grupo dos centros de alto volume de transplantação renal, com reflexo na sobrevida dos doentes por nós transplantados, positivamente com os números reportados pelas sociedades internacionais”, realça a coordenação nacional.

Nesta atividade, destaca também o Programa Nacional e Internacional de Doação Renal Cruzada, que proporcionam “uma oportunidade aos pares de dador vivo e recetor, que entre si não são conseguem fazer o ‘match perfeito’ da compatibilidade imunológica”.

Atualmente, existem em Portugal sete unidades de Transplantação Renal, das quais seis têm implementado programas de doação renal com dador vivo.

“Estas unidades são compostas por profissionais de excelência, que se reinventam diariamente para uma adequada e atualizada resposta científica aos seus doentes com indicação para transplante renal”, sublinha a Coordenação Nacional do Transplante, que expressa o seu reconhecimento “a todos os que de forma benévola permitem o sucesso da transplantação em Portugal, devolvendo a esperança de vida a muitos doentes”.

Para assinalar a data, a Direção-Geral da Saúde (DGS) divulgou hoje o documento “Percurso de Cuidados Integrados para a Pessoa com Doença Renal Crónica” no Serviço Nacional de saúde, desenvolvido no contexto da Estratégia Nacional para a Doença Renal Crónica 2023-2026.

Este documento visa reforçar a prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento desta doença, assegurando uma abordagem integrada desde os cuidados de saúde primários até às fases mais avançadas da doença, com o objetivo de melhorar a qualidade dos cuidados de saúde prestados e, consequentemente, aumentar a funcionalidade e qualidade de vida do doente.

O objetivo é conseguir, em 2025, reduzir para menos de 30% as induções não planeadas de diálise, aumentar para 20% os doentes a iniciar terapias domiciliárias e incrementar em 5% ao ano o número de transplantes renais, maximizando o acesso a dador falecido e promovendo dadores vivos.

Visa ainda garantir que mais de 80% de cirurgias de acesso vascular sejam realizadas dentro dos tempos de resposta garantidos.

lusa/HN

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