Associação lamenta que formandos do INEM não tenham tido acesso a toda a documentação

9 de Abril 2025

A Associação Nacional dos Técnicos de Emergência (ANTEM) lamentou hoje que os formandos do curso do INEM não tenham tido acesso a toda à documentação sobre a formação antes de assinarem contrato e lamentou a falta de um regulamento.

Em resposta à Lusa, a ANTEM considera que só um regulamento verte toda a informação necessária para os formandos e lembra que, mesmo a memória descritiva para o curso de Técnico de Emergência Pré-Hospitalar (TEPH), que o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) diz existir, “não foi distribuída aos formandos”.

O curso TEPH, que começou no início do ano, tem merecido críticas e denuncias de vários formandos, que apontam irregularidades na formação, como discrepâncias nos métodos avaliativos, e admitem impugnar o curso.

Em resposta enviada à Lusa depois de se conhecerem as denúncias, o INEM confirmou que recebeu cinco reclamações relativas ao curso TEPH, sublinhando que a formação está a decorrer “com base na memória descritiva do respetivo produto pedagógico, que estabelece critérios uniformes de avaliação”, não existindo um regulamento.

A ANTEM considerou que a memória descritiva “não substitui a força de um regulamento” e lembrou que o acesso aos manuais, independentemente do formato, “deve ser disponibilizado 10 dias úteis antes do início dos módulos, algo que sabemos que também não ocorreu”.

A associação indicou que há “demasiadas inconformidades” que são “transversais aos outros produtos pedagógicos do INEM”.

A associação avançou ainda que vai pedir uma audiência com a comissão técnica independente nomeada para “refundar” o INEM e mudar o funcionamento do instituto para expor “estas e outras inconformidades”, que considerou “nefastas ao sistema, desde logo à prestação de cuidados médicos de emergência aos cidadãos”.

Questionado pela Lusa sobre esta matéria, o Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH) disse que, numa primeira análise do seu departamento jurídico, a existência de um regulamento é obrigatória neste tipo de cursos, “desde logo para que os profissionais saibam formalmente em que moldes podem ou não ser excluídos”.

O STEPH considerou que todo o processo deste curso “está uma confusão” e pediu esclarecimentos ao presidente do INEM.

Depois de serem divulgadas as denúncias recebidas pela ANTEM e STEPH, soube-se que as respostas a testes da formação para TEPH estão a ser partilhadas num grupo Whatsapp com dezenas de formandos, uma situação que leva a associação a pedir intervenção urgente das autoridades competentes.

A agência Lusa teve acesso a documentos com perguntas/afirmações e as respetivas respostas, que são partilhados nesse grupo, bem como às conversas entre formandos, que são divididos em turmas que fazem diferentes módulos de formação em diversas alturas.

Um dos formandos, que pediu anonimato, explicou que pelo menos um grupo com mais de 80 formandos está a funcionar desde o início da formação e partilha resultados das avaliações dos diversos módulos.

“Estamos divididos por turmas, que frequentam módulos diferentes, e os resultados são partilhados. As respostas passam de uns para os outros”, disse a mesma fonte.

Outro dos formandos explicou que, na formação online, são feitos testes no final de cada módulo que são “praticamente iguais” aos que depois têm de ser feitos presencialmente. Como as turmas estão ao mesmo tempo a fazer módulos diferentes, “as respostas são partilhadas”.

lusa/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Promessas por cumprir: continua a falta serviços de reumatologia no SNS

“É urgente que sejam cumpridas as promessas já feitas de criar Serviços de Reumatologia em todos os hospitais do Serviço Nacional de Saúde” e “concretizar a implementação da Rede de Reumatologia no seu todo”. O alerta foi dado pela presidente da Associação Nacional de Artrite Reumatoide (A.N.D.A.R.) Arsisete Saraiva, na sessão de abertura das XXV Jornadas Científicas da ANDAR que decorreram recentemente em Lisboa.

Consignação do IRS a favor da LPCC tem impacto significativo na luta contra o cancro

A Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) está a reforçar o apelo à consignação de 1% do IRS, através da campanha “A brincar, a brincar, pode ajudar a sério”, protagonizada pelo humorista e embaixador da instituição, Ricardo Araújo Pereira. Em 2024, o valor total consignado pelos contribuintes teve um impacto significativo no apoio prestado a doentes oncológicos e na luta contra o cancro em diversas áreas, representando cerca de 20% do orçamento da LPCC.

IQVIA e EMA unem forças para combater escassez de medicamentos na Europa

A IQVIA, um dos principais fornecedores globais de serviços de investigação clínica e inteligência em saúde, anunciou a assinatura de um contrato com a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) para fornecer acesso às suas bases de dados proprietárias de consumo de medicamentos. 

SMZS assina acordo com SCML que prevê aumentos de 7,5%

O Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) assinou um acordo de empresa com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) que aplica um aumento salarial de 7,5% para os médicos e aprofunda a equiparação com a carreira médica no SNS.

“O que está a destruir as equipas não aparece nos relatórios (mas devia)”

André Marques
Estudante do 2º ano do Curso de Especialização em Administração Hospitalar da ENSP NOVA; Vogal do Empreendedorismo e Parcerias da Associação de Estudantes da ENSP NOVA (AEENSP-NOVA); Mestre em Enfermagem Médico-cirúrgica; Enfermeiro especialista em Enfermagem Perioperatória na ULSEDV.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights