“Estamos a enfrentar um nível de crise muito importante no mundo. Depois da (pandemia do) Covid-19 vivemos momentos de rutura, no qual temos que enfrentar crises que são visíveis, mas outras são invisíveis”, disse em declarações à Lusa nos salões Eça de Queirós, no Consulado-Geral de Portugal em Paris.
Por essa razão, defende que é “um momento de tomar um pouco de distância para as crises vividas e de antecipar o futuro e de o preparar para que a população tenha uma educação, uma sensibilização para poder estar pronta a enfrentar desafios que vão necessariamente aparecer”.
Na sequência do lançamento do livro “Nous sommes nés pour agir” (“Nascemos para agir”), Philippe da Costa participou na conversa sobre “A causa humanitária e a ação social no mundo atual” moderada pelo professor da Universidade Católica Portuguesa Manuel Antunes da Cunha, perante uma sala cheia de pessoas de várias nacionalidades, no meio de muitos portugueses e lusodescendentes.
“Eu quis, através deste pequeno livro, testemunhar como um pequeno imigrante que chegou aqui (a França) aos cinco anos, através da educação dos seus pais, da escola francesa, do percurso como doutor de ciências de educação, hoje em dia tem a presidência da primeira organização associativa do país”, referiu o luso-francês.
Num convite para os jovens, Philippe da Costa afirmou que tudo é possível e “cada um tem um papel diferente” na sociedade, “uma capacidade de deixar um traço da sua passagem nesta bela terra”.
Nos últimos dois anos chegaram à Cruz Vermelha francesa “15 mil voluntários novos”, o que para Philippe da Costa dá “uma visão muito otimista sobre a capacidade de incorporar a juventude nas organizações que são úteis, têm ações concretas que aportem serviços à população”.
“A juventude no nosso país, em França como em Portugal, é uma juventude que aspira a ter impacto na sociedade e o nosso movimento humanitário tem essa capacidade de oferecer um impacto direto e de ver diretamente a influência e o impacto que traz para a população”, defendeu.
Relativamente à Cruz Vermelha francesa, Philippe da Costa, membro desde 1979 e presidente da instituição desde setembro de 2021, considera que vive atualmente uma “situação muito boa”, com 110 mil voluntários e uma boa “capacidade de ação”, que promove a confiança da população.
“Somos uma organização internacional credível para os franceses e as francesas”, disse o luso-francês, referindo que enquanto “bem comum” cada um pode “tirar proveito” e ser voluntário para ajudar na ação da Cruz Vermelha, que durante a crise da Covid-19 teve “um papel muito importante” com a promoção das vacinas, por exemplo.
Em janeiro, o presidente da Cruz Vermelha francesa foi distinguido em Paris pelo seu percurso pessoal e profissional com a Ordem da Legião de Honra, a mais alta distinção francesa, pelo diplomata e antigo Secretário-Geral Adjunto da ONU, Alain le Roy.
Para Philippe da Costa esta distinção foi “uma honra”, um momento em que pensou nos seus pais que emigraram da Serra de Estrelas, Covilhã, para França, quando este tinha cinco anos, mas que ainda hoje considera que as suas raízes portuguesas são “muito importantes”.
“Foi um momento para mim das minhas raízes portuguesas e mostrar como essa coerência entre a minha cultura portuguesa e a minha dedicação à sociedade francesa faz que hoje em dia me sinta tanto português quando vou a Portugal e aqui em França ao acompanhar a sociedade francesa”, afirmou.
Philippe da Costa é ainda membro do Conselho Económico, Social e Ambiental (CESE) e presidente do Conselho científico do Instituto Nacional da Juventude e da Educação Popular (Injep).
lusa/HN
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