Portugal mantém-se entre os países europeus com melhores indicadores de acesso e utilização de métodos contracetivos entre os jovens, sendo apenas superado por Espanha. De acordo com o mais recente Estudo de Sensibilização para os Contracetivos entre Jovens, 68% dos jovens portugueses entre os 18 e os 30 anos utilizam um método contracetivo, ou pelo menos o seu parceiro utiliza, o que coloca Portugal no topo da tabela europeia. No entanto, apesar desta elevada taxa de utilização, o conhecimento dos jovens portugueses sobre contraceção revela-se limitado a métodos mais tradicionais.
A esmagadora maioria dos jovens conhece bem o preservativo masculino (86%) e a pílula contracetiva (91%), mas o reconhecimento de outras opções, como o adesivo contracetivo (28%), a injeção (30%), o implante (49%), o anel vaginal (57%) ou o dispositivo intrauterino (DIU) (59%), é significativamente inferior. Esta tendência reflete-se nas escolhas: a pílula é o método preferido por 47% dos jovens, seguida do preservativo masculino (42%). Métodos de longa duração, como o DIU, o implante e o adesivo, têm uma utilização residual, não ultrapassando os 3%.
A falta de informação é apontada como a principal barreira ao acesso a uma maior diversidade de métodos: três em cada dez jovens consideram que existe insuficiente informação sobre contraceção, e 25% referem que os profissionais de saúde nem sempre apresentam todas as opções durante as consultas. A internet surge como a principal fonte de informação (30%), seguida dos médicos de família (22%) e ginecologistas (15%), com a escola a desempenhar também um papel relevante para 15% dos jovens.
Apesar destas lacunas, Portugal é reconhecido internacionalmente pelas suas políticas inclusivas nesta área. O Atlas Europeu das Políticas de Contraceção posiciona o país no 4.º lugar entre 47 países, com uma pontuação de 91,2%, refletindo a gratuitidade de muitos métodos contracetivos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), incluindo métodos de longa duração e contraceção de emergência, bem como a inexistência de barreiras relacionadas com o estado civil ou cidadania para o acesso a consultas e métodos.
A aposta em políticas públicas e campanhas de informação tem permitido a Portugal manter-se como referência europeia, mas os dados mostram que é necessário investir mais na literacia em saúde sexual e reprodutiva, capacitando os jovens para escolhas informadas e diversificadas, e garantindo que o aconselhamento profissional abrange todas as opções disponíveis.
Referências:
- European Parliamentary Forum for Sexual and Reproductive Rights (EPF). (2024). Contraceptive Awareness Study – Youth (Topline Results, September 2024). Disponível em: https://www.epfweb.org/node/1020
- European Parliamentary Forum for Sexual and Reproductive Rights (EPF). (2025). Contraception Policy Atlas Europe 2024. https://www.srhrpolicyhub.org/
PR/HN/MM
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