Bastonário da Ordem dos Médicos defende criação de agência de IA para a saúde Lisboa

15 de Maio 2025

O bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes (na imagem), defende a criação de uma agência nacional para a inteligência artificial (IA) na área da saúde, como forma de prevenir diagnósticos errados e desinformação médica.

Em declarações à agência Lusa, Carlos Cortes refere que “a IA deve ser desenvolvida para servir a medicina e nunca para desfigurá-la”, defendendo a criação urgente de uma agência nacional para a IA em saúde, com autonomia, multidisciplinaridade e competência técnica para acompanhar e regular o uso da IA em contexto clínico.

“Esta entidade deverá funcionar como estrutura permanente de observação e proteção dos valores fundamentais da medicina: a centralidade do doente, o respeito pelo ato médico, a relação de confiança médico-doente e a defesa de cuidados de saúde humanizados”, afirmou.

“A proliferação de sistemas de IA generativa, muitas vezes sem controlo de qualidade ou validação científica, pode gerar conteúdos clínicos erróneos, enviesados ou descontextualizados, amplificando fenómenos de desinformação médica”, até porque quando aplicados os filtros corretos estas ferramentas podem gerar recomendações aparentemente credíveis, mas incorretas.

O bastonário diz que, “tal como a desinformação compromete a literacia em saúde, mina a confiança no saber médico e pode induzir comportamentos de risco por parte dos doentes”, sendo, por isso, essencial que o uso de IA em saúde decorra em ambientes supervisionados.

Carlos Cortes conclui dizendo que “uma vez mais é indispensável que os médicos sejam os validadores de informação clínica e que a sua autoridade técnico-científica não seja diluída por automatismos opacos”.

Esta semana, a plataforma espanhola Maldita alertou para a circulação em ‘sites’ e redes sociais de depoimentos de pessoas que pediram diagnósticos a modelos de IA.

Alegações como “pedi ao ChatGPT para ler a minha mão e ele detetou cancro de pele” ou “ChatGPT diagnostica uma mulher com cancro um ano antes dos médicos” circulam nas redes sociais, afirmando que a ferramenta de IA é capaz de fazer diagnósticos médicos.

Contudo, os resultados dos ‘chatbots’ de IA são baseados em probabilidades, os dados de treino podem não ser confiáveis e não podem fazer a análise abrangente que um médico faz, refere a plataforma.

NR/HN/Lusa

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