A inovação nos cuidados de saúde em Portugal está a ser travada por desafios estruturais: dados clínicos fragmentados e inacessíveis, infraestruturas técnicas desatualizadas e um envolvimento insuficiente dos pacientes no processo de decisão. Esta realidade é ilustrada pela comparação entre o poder dos smartphones e a tecnologia hospitalar, destacando o potencial inexplorado da digitalização para revolucionar o setor. O diagnóstico é claro: sem colaboração entre hospitais, startups, universidades e entidades públicas, não será possível ultrapassar os silos que impedem o progresso.
A resposta a este cenário passa por iniciativas como as Morning Health Talks do EIT Health, que promovem o debate e a procura de soluções para acelerar a inovação. O evento, marcado para 12 de junho na Universidade do Porto, reúne líderes do setor para discutir a integração de inteligência artificial (IA), interoperabilidade de dados e novas formas de envolver os pacientes. A IA, já aplicada em áreas como previsão de procura hospitalar e diagnóstico dermatológico, depende de bases de dados robustas e acessíveis, alinhadas com as diretrizes europeias para a partilha segura e eficiente de informação clínica.
Portugal destaca-se por possuir um dos ecossistemas de inovação em saúde mais maduros da Europa em desenvolvimento, com startups, centros de investigação e parcerias entre academia e unidades de saúde a impulsionarem soluções digitais e preditivas. Exemplos incluem plataformas de reabilitação gamificada, monitorização remota e dashboards baseados em IA para avaliação de riscos clínicos em tempo real. Programas como o EIT Health InnoStars apoiam empresas emergentes, facilitando a validação das suas soluções em ambiente hospitalar e promovendo a adoção de tecnologias inovadoras.
A transformação digital, centrada no paciente, é cada vez mais uma prioridade: aplicações móveis e portais de saúde permitem aos cidadãos aceder aos seus dados, marcar consultas e gerir a sua saúde de forma autónoma, promovendo melhores resultados clínicos e uma abordagem preventiva. No entanto, para que este potencial se concretize, é essencial investir em infraestruturas modernas, garantir a interoperabilidade dos sistemas e fomentar a colaboração entre todos os intervenientes do ecossistema.
O futuro dos cuidados de saúde em Portugal depende da capacidade de alinhar esforços, integrar tecnologia de ponta e colocar o paciente no centro da inovação. Só assim será possível transformar os hospitais em verdadeiros motores de progresso digital, à altura do potencial já disponível nos dispositivos móveis do dia a dia.
PR/HN
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