“Esta manhã, por volta das 11:00 locais (09:00 em Lisboa), um míssil atingiu um edifício na Faixa de Gaza que albergava um escritório dos Médicos do Mundo, claramente identificado e registado junto das autoridades militares israelitas”, declarou a organização em comunicado.
O escritório da organização estava vazio por ser feriado e nenhum funcionário ficou ferido, mas o bombardeamento, segundo a Médicos do Mundo, matou quatro crianças, um adolescente e três adultos, que se encontravam no último andar do edifício, que foi atingido pelo míssil.
“Este ataque representa uma grave violação do direito internacional humanitário, que protege tanto a população civil como as organizações humanitárias que atuam em contextos de conflito”, denunciou a organização não-governamental.
A localização do escritório, em Deir el Balah, no centro de Gaza, era conhecida pelo exército israelita, que tinha declarado a zona “protegida dos ataques militares israelitas ao abrigo dos acordos de coordenação humanitária”.
“No entanto, tal como em ocasiões anteriores de ataques israelitas, a equipa da organização não recebeu qualquer aviso prévio para evacuar o edifício ou tomar medidas de proteção para os eventuais ocupantes”, critica a Médicos do Mundo.
Esta zona tinha permanecido “relativamente fora dos bombardeamentos e das zonas de destruição em Gaza”, porque alberga numerosos escritórios de ONG, mas agora acolhe pessoas deslocadas do norte da Faixa e de Khan Younis, no sul.
Na sequência do ataque do Hamas ao território israelita em 07 de outubro de 2023, Israel lançou uma represália militar em Gaza que custou a vida a quase 55.000 pessoas, segundo a contagem das autoridades.
Ainda hoje uma comissão internacional de inquérito das Nações Unidas afirmou que os ataques israelitas contra escolas e locais religiosos e culturais em Gaza constituem crimes de guerra e crime contra a humanidade de “extermínio”.
“A destruição generalizada de infraestruturas em Gaza, o desmantelamento do seu sistema educativo e os ataques a locais culturais e religiosos […] não afetam apenas os palestinianos no presente, mas comprometem também o futuro do povo palestiniano, incluindo o seu direito à autodeterminação”, conclui a comissão num relatório.
Num comunicado que acompanha o documento, a comissão acusa Israel de ter “aniquilado o sistema educativo de Gaza e destruído mais de metade dos locais religiosos e culturais da Faixa de Gaza, no quadro de uma ofensiva generalizada e incessante contra o povo palestiniano, durante a qual as forças israelitas cometeram crimes de guerra e o crime contra a humanidade de extermínio”.
A comissão apresentará o seu relatório a 17 deste mês perante o Conselho de Direitos Humanos e tem publicado vários relatórios desde o início da guerra em Gaza, onde, segundo a ONU, a população está ameaçada pela fome devido ao cerco imposto por Israel e às severas restrições à ajuda humanitária.
NR/HN/Lusa
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