Médio Oriente: Médicos do Mundo denuncia ataque de Israel a escritório em Gaza

10 de Junho 2025

Os Médicos do Mundo denunciaram que o exército israelita disparou hoje um míssil contra um edifício que alberga um dos escritórios da ONG francesa na Faixa de Gaza, num bombardeamento que matou oito pessoas.

“Esta manhã, por volta das 11:00 locais (09:00 em Lisboa), um míssil atingiu um edifício na Faixa de Gaza que albergava um escritório dos Médicos do Mundo, claramente identificado e registado junto das autoridades militares israelitas”, declarou a organização em comunicado.

O escritório da organização estava vazio por ser feriado e nenhum funcionário ficou ferido, mas o bombardeamento, segundo a Médicos do Mundo, matou quatro crianças, um adolescente e três adultos, que se encontravam no último andar do edifício, que foi atingido pelo míssil.

“Este ataque representa uma grave violação do direito internacional humanitário, que protege tanto a população civil como as organizações humanitárias que atuam em contextos de conflito”, denunciou a organização não-governamental.

A localização do escritório, em Deir el Balah, no centro de Gaza, era conhecida pelo exército israelita, que tinha declarado a zona “protegida dos ataques militares israelitas ao abrigo dos acordos de coordenação humanitária”.

“No entanto, tal como em ocasiões anteriores de ataques israelitas, a equipa da organização não recebeu qualquer aviso prévio para evacuar o edifício ou tomar medidas de proteção para os eventuais ocupantes”, critica a Médicos do Mundo.

Esta zona tinha permanecido “relativamente fora dos bombardeamentos e das zonas de destruição em Gaza”, porque alberga numerosos escritórios de ONG, mas agora acolhe pessoas deslocadas do norte da Faixa e de Khan Younis, no sul.

Na sequência do ataque do Hamas ao território israelita em 07 de outubro de 2023, Israel lançou uma represália militar em Gaza que custou a vida a quase 55.000 pessoas, segundo a contagem das autoridades.

Ainda hoje uma comissão internacional de inquérito das Nações Unidas afirmou que os ataques israelitas contra escolas e locais religiosos e culturais em Gaza constituem crimes de guerra e crime contra a humanidade de “extermínio”.

“A destruição generalizada de infraestruturas em Gaza, o desmantelamento do seu sistema educativo e os ataques a locais culturais e religiosos […] não afetam apenas os palestinianos no presente, mas comprometem também o futuro do povo palestiniano, incluindo o seu direito à autodeterminação”, conclui a comissão num relatório.

Num comunicado que acompanha o documento, a comissão acusa Israel de ter “aniquilado o sistema educativo de Gaza e destruído mais de metade dos locais religiosos e culturais da Faixa de Gaza, no quadro de uma ofensiva generalizada e incessante contra o povo palestiniano, durante a qual as forças israelitas cometeram crimes de guerra e o crime contra a humanidade de extermínio”.

A comissão apresentará o seu relatório a 17 deste mês perante o Conselho de Direitos Humanos e tem publicado vários relatórios desde o início da guerra em Gaza, onde, segundo a ONU, a população está ameaçada pela fome devido ao cerco imposto por Israel e às severas restrições à ajuda humanitária.

NR/HN/Lusa

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