Usando os dados de mais de 8.000 pessoas com idade superior a 42 anos, os investigadores identificaram um alto risco de aumento do índice de massa corporal (IMC) num grupo específico de pessoas que referiram ter frequentado, desde muito cedo, creches, estabelecimentos de ensino pré-escolar ou outras instituições, formais ou informais, destinadas a crianças.
Os especialistas verificaram que os indivíduos que começaram a frequentar este tipo de equipamentos destinados à infância antes dos três anos de idade, três a cinco dias por semana, tinham um IMC de 0,509 kg / m2 superior aos 10 anos, e um IMC de 1,335 kg / m2 maior aos 42, em comparação com aqueles que só começaram a frequentá-los aos quatro ou mais anos de idade, e apenas um ou dois dias por semana.
O estudo, realizado em parceria com a “University College London” (UCL), a Universidade de Cambridge e a Universidade John Hopkins, nos Estados Unidos, foi liderado pela Dra. Sílvia Costa, da Universidade de Loughborough, e publicado na revista “Pediatric Obesity”.
De acordo com a investigadora “embora esta descoberta seja importante por si só, a verdadeira lacuna na literatura é que, depois da infância, não sabemos quase nada sobre como a exposição a estes cuidados infantis pode estar relacionada com as trajetórias do IMC a longo prazo”.
“Além disso, revelou que um aumento de uma unidade no IMC de jovens adultos (18 a 30 anos) está relacionado a um aumento de 8% no risco de doença coronária”.
“Como tal, as diferenças no IMC observadas nas crianças que frequentaram este tipo de equipamentos antes dos três anos de idade, três a cinco dias por semana, são importantes do ponto de vista clínico”.
“Na sociedade de hoje, onde a maioria dos adultos trabalha em regime de full-time e a licença parental tende a durar apenas um ano ou menos, o uso de creches é necessário e muito comum”, referiu a investigadora.
“Como tal, é necessária uma pesquisa estratégica urgente para entender quais as políticas e as práticas relacionadas com a atividade física, o comportamento sedentário e a dieta que existem nesses ambientes e como podem ser alteradas para que os cuidados das crianças sigam padrões de estilos de vida saudáveis, em vez de estarem associados a uma trajetória adversa do IMC”.
Os pesquisadores usaram o “British Cohort Study” de 1970 (BCS1970), que lhes deu acesso a dados relacionados com mais de 17.000 pessoas nascidas na mesma semana do mês de abril, há 50 anos. A recolha de dados sobre o IMC foi realizada aos 10 anos (1980), 16 (1986), 26 (1996), 30 (2000), 34 (2004) e 42 (2012) anos.
Na opinião da Dra. Sílvia Costa “a grande vantagem de usar o BCS1970 é que é se trata de uma amostra muito representativa da população, o que nos permitiu observar o IMC desde a infância até aos 42 anos. Isso, claro, não é possível em coortes mais recentes. Mas como as políticas e práticas relacionadas com os cuidados à infância evoluíram desde a década de 1970, precisamos de realizar mais estudos com coortes mais recentes para verificar se os resultados são os mesmos ou se a introdução de orientações nacionais para os prestadores de cuidados infantis, como a Lei da Criança de 1989, surtiram efeito”.
NR/AO
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