App utiliza gravações de voz para detetar fluído nos pulmões

19 de Junho 2020

Uma aplicação de smartphone é capaz de identificar congestão pulmonar em doentes com paragens cardíacas através de gravações de voz, permitindo assim intervenção atempada antes que as condições se deteriorem. […]

Uma aplicação de smartphone é capaz de identificar congestão pulmonar em doentes com paragens cardíacas através de gravações de voz, permitindo assim intervenção atempada antes que as condições se deteriorem. O pequeno estudo é apresentado hoje na plataforma científica da Sociedade Europeia de Cardiologia, a HFA Discoveries.

“O discurso tem marcas pessoais e por isso podem ser detetadas modificações muito pequenas – por exemplo, a habilidade dos pais em notar algum problema de saúde por escutarem os filhos”, explica o professor Offer Amir, autor do estudo e diretor do Heart Institute do Centro Médico Hadassah, em Israel.

“Hoje reportamos os resultados do primeiro aparelho de monitorização de paragens cardíacas fácil de usar, não invasivo e personalizado. Requer apenas uma gravação diária de 30 segundos, em qualquer idioma”, elucida o professor Amir.

Paragens cardíacas são uma das principais causas de mortalidade, afetando mais de 26 milhões de pessoas em todo o mundo. São também a principal causa de hospitalização nos Estados Unidos e Europa. Vigilância apertada dos pacientes pode reduzir hospitalizações e mortes relacionadas com esta condição.

Em pacientes com paragem cardíaca, a função bombeadora do coração não funciona como devia. O sintoma mais comum é falta de ar causada pela congestão de líquidos nos pulmões. Esta congestão pode por em risco a vida o paciente, mas também permitir o diagnóstico atempado – um paço crucial.

A congestão pulmonar causa mudanças subtis nos padrões de fala que podem ser uma ferramenta para avaliar o estado clinico do paciente. O processamento do discurso é atualmente utilizado de variadas maneiras, por exemplo na conversão de texto para discurso e no reconhecimento de voz automático. Este estudo examinou a capacidade de uma nova aplicação de telemóvel em distinguir entre os estados pulmonares de congestionamento e não-congestionamento.

O estudo incluiu 40 pacientes internados no hospital com falha cardíaca aguda e congestão pulmonar. Aos pacientes foi pedido que gravassem cinco frases num smartphone regular aquando do seu internamento e, mais tarde, na altura em que lhes foi concedida alta hospitalar, já sem congestão pulmonar. A duração de cada gravação era entre 2 a cinco segundos. Os investigadores concluíram que a tecnologia era capaz de distinguir entre o estado congestionado aquando da admissão no hospital e o estado saudável à saída.

Para o professor Amir, o sistema pode ser utilizado para monitorizar paragens cardíacas nos pacientes que se encontram em casa. Médicos receitam a app, os pacientes fazem o download para os seus smartphones e submitem as gravações de voz quando se sentem bem para que seja criado um modelo “saudável” personalizado. Todos os dias os pacientes adicionam uma gravação que a app compara com o modelo saudável já estabelecido. Pequenos desvios que indiquem o inicio da acumulação de fluidos geram um alerta apresentado aos médicos numa página web designada para o efeito.

“Quem apresente sinais de congestão pulmonar pode receber ajustes ao tratamento e assim prevenir a hospitalização”, explicou o professor Amir. “À medida que são acrescentadas gravações de voz, o modelo torna-se cada vez mais sensível e adapta-se”.

“Durante a pandemia do COVID-19 os profissionais dos cuidados de saúde estão a transferir muitas visitas às urgências para plataformas de medicina pelo telefone, salientando a importância de monitorização remota para reduzir o risco de exposição ao coronavírus”, acrescentou.

NR/HN/João Daniel Ruas Marques

 

 

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