Investigadores descobrem que hormona testada contra obesidade pode piorar infeções

23 de Junho 2020

Cientistas do Instituto Gulbenkian de Ciência descobriram que uma hormona que a indústria farmacêutica está a estudar para tratar a obesidade diminui a resistência do organismo às infeções provocadas por bactérias.

A hormona GDF15 é um fator de risco para a sépsis, uma doença potencialmente fatal caracterizada por uma “resposta desregulada do organismo a uma infeção levando ao mau funcionamento dos órgãos”.

Em comunicado, o Instituto indica que a investigação coordenada por Luís Moita mostra como “numa altura em que muitos grupos e empresas farmacêuticas diferentes estão a considerar a administração de GDF15 como uma possível terapia complementar na obesidade, é importante ter em conta que esta estratégia terapêutica pode aumentar o risco de infeção grave, incluindo sépsis”.

A investigação, em que também trabalharam cientistas em França, na Alemanha e na Coreia do Sul, foi publicada na revista científica da Academia Nacional das Ciências norte-americana.

A sépsis afeta milhões de pessoas todos os anos, estimando-se que seja responsável por 20% das mortes por ano em todo o mundo.

De acordo com um estudo publicado na revista Lancet, em 2017 morreram 11 milhões de pessoas com sépsis.

A equipa liderada por Luís Moita descobriu que a hormona, cuja presença no corpo aumenta em casos de obesidade, doenças pulmonares ou cardiovasculares, tem “um efeito crítico na infeção”.

Usando amostras de sangue de doentes com sépsis e de outros saudáveis, concluíram que “os pacientes com sépsis tinham níveis mais aumentados de GDF15 em comparação com os outros grupos, e que os níveis mais elevados dessa hormona se correlacionavam com a mortalidade”.

Estudando ratos que não tinham a hormona, descobriram que sobreviviam “melhor a uma infeção bacteriana abdominal que imita a sépsis em pacientes humanos”.

O que aconteceu foi que conseguiam “recrutar substancialmente mais glóbulos brancos, especificamente neutrófilos, para o abdómen, controlando assim melhor a infeção localmente e impedindo que esta se alastrasse rapidamente para o resto do organismo”.

Os resultados da investigação apontam para a possibilidade de poder haver um novo tratamento para a sépsis com um anticorpo monoclonal bloqueador que iniba a ação do GDF15.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Via Verde para Necessidades de Saúde Especiais: Inovação na Saúde Escolar

Um dos projetos apresentado hoje a concurso na 17ª Edição do Prémio Boas Práticas em Saúde, uma iniciativa da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar, foi o projeto Via Verde – Necessidades de Saúde Especiais (VVNSE), desenvolvido por Sérgio Sousa, Gestor Local do Programa de Saúde Escolar da ULS de Matosinhos e que surge como uma resposta inovadora aos desafios enfrentados na gestão e acompanhamento de alunos com necessidades de saúde especiais (NSE) no contexto escolar

Projeto Utente 360”: Revolução Digital na Saúde da Madeira

O Dr. Tiago Silva, Responsável da Unidade de Sistemas de Informação e Ciência de Dados do SESARAM, apresentou o inovador Projeto Utente 360” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas , uma iniciativa da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar (APDH). Uma ideia revolucionária que visa integrar e otimizar a gestão de informações de saúde na Região Autónoma da Madeira, promovendo uma assistência médica mais eficiente e personalizada

MAIS LIDAS

Share This