A perceção de que, “pelo menos 10% dos doentes internados têm capacidade para fazer videochamadas, mas não têm equipamentos”, fez nascer o projeto “Estou”, promovido pela associação sem fins lucrativos “Semeiabraços”, sediada no Porto, acrescentou.
Os equipamentos destinam-se a “doentes internados e que têm as visitas dos seus familiares condicionadas”, explicou a responsável com base no conhecimento de “que existem muitas pessoas internadas nos cuidados paliativos que estão, neste momento, isoladas socialmente”
O “Estou” surgiu em Portugal como um projeto de cidadania, inspirado no espanhol “Acortando la distancia”, e enquadrado no facto de a “pandemia do novo coronavírus não privar, apenas, os doentes com Covid-19 de estar em contacto com os seus familiares”, explicou Luísa Machado.
“Acabou, também, por ditar o afastamento entre milhares de doentes que, internados, deixaram de poder receber visitas dos familiares”, sendo a esses, “que estão isolados”, a quem o projeto se destina, enfatizou.
O desafio surgiu de “um grupo de médicos portugueses”, sendo que todos “colaboram de forma voluntária, no sentido de angariar fundos para a aquisição de ‘tablets'”.
Desse labor, contabilizou a ex-profissional de saúde, “conseguiram angariar 40 ‘tablets’, sendo que 21 foram já entregues a diversos hospitais e unidades de cuidados paliativos.
O equipamento em si “está dotado de um ‘software’ específico oferecido graciosamente para o projeto e que pode “ser utilizado até mesmo por aqueles que têm mais dificuldades no uso de novas tecnologias, não sendo necessário login, email ou número de telefone dos doentes”, acrescentou.
Ciente de que “Portugal é um país onde a iliteracia digital ainda é um problema”, Luísa Machado explicou que tudo se processa de uma forma fácil: “o ‘software’ permite que os doentes possam fazer uma videochamada à distância de dois cliques, sem qualquer necessidade de criação de contas”.
Nesta fase, os 2.500 equipamentos que o “Estou” pretende angariar “destinam-se aos hospitais do Serviço Nacional de Saúde” e o projeto “conta já com o apoio de algumas empresas, mas a sua divulgação é essencial para o sucesso”, sublinha Luísa Machado.
“Na nossa plataforma online (www.estou.org), é possível não só aos hospitais inscreverem-se para receberem os equipamentos, mas também as empresas e pessoas em nome individual fazerem os seus donativos”, observou.
Outro dos “fatores diferenciadores do ‘Estou’ prende-se com o facto de o ‘tablet’ “ficar na unidade do doente durante todo o internamento, permitindo contactos com a família mais frequentes, mais prolongados e sem intervenção dos profissionais de saúde”, frisou a responsável.
“Os ‘tablets’ são entregues, bloqueados, ao uso de outras aplicações para que não se desvirtue a intenção original do projeto com outros propósitos”, sublinhou Luísa Machado.
LUSA/HN
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